27 de jun. de 2014

A Fábula do Elefante e os Contextos de Violência


Existe uma fábula referente ao comportamento do elefante, nos circos.  Ela nos lembra que durante o espetáculo, o enorme animal faz demonstrações de força descomunais.  Mas, antes de entrar em cena, permanece preso, quieto, contido, somente por uma pequena estaca cravada no solo.

A estaca é só um pequeno pedaço de madeira. E, ainda que a corrente fosse grossa, parece óbvio que poderia arrancá-la do solo e fugir.  Mas, afinal, por que o elefante, com tamanha força, não o faz?

Descobriu-se que o elefante de circo não escapa porque foi preso à estaca ainda muito pequeno.  Quando menor, o elefantinho puxou, forçou, tentou de todas as maneiras se soltar.  E, mesmo com todo seu esforço, não conseguiu sair.  A estaca e a corrente eram muito pesadas para ele.  Até que um dia, cansado e desacreditado, aceitou que seu destino era ficar amarrado na estaca, balançando o corpo de lá para cá, eternamente.

O elefante quando adulto, mesmo enorme, não se solta, porque no seu cérebro está registrada a experiência continuada de sua infância e ele verdadeiramente acredita que não pode.

Podemos relacionar esta fábula aos casos de violência doméstica que acontecem contra as crianças, em que estas crescem "naturalizando" as situações de maus tratos, violência psicológica ou mesmo abuso sexual.  E, o mais grave, acreditam que não há nada que possam fazer, nada para se defender deste contexto e interromper esta prática. 

É muito comum ouvirmos a respeito das estatísticas que tratam dos casos de pessoas que cometem a violência e que, também foram vítimas de violência durante sua infância.  Mas também precisamos lembrar que as crianças e os adolescentes que não são "socorridos" desta violência, em tenra idade, que não aprendem a identificá-la e denunciá-la, faltando-lhe muitas vezes o suporte adequado para a superação dos impactos desta vivência, possivelmente passarão sua vida se submetendo às violências - agora na condição de mães, pais, esposas, maridos, idosos, etc.  Como aquele elefante que, crescido, já teria condições de se libertar, mas que se acostumou a fracassar nas tentativas mal sucedidas e agora apenas se submete a continuar naquela situação - de vítima da violência.

Que possamos nós, educadores, saber identificar as "correntes" e as "estacas", encaminhando adequadamente estas situações para as esferas de proteção à infância e adolescência,  para que o ciclo de violência seja rompido o mais precocemente e não venha, também, a se reproduzir no futuro.

FONTE DA IMAGEM:  http://olhares.sapo.pt/correntes-partidas-foto1929228.html

12 de jun. de 2014

Delegada Sandra Mara palestrou no Colégio Municipal Maria Luiza de Melo

Na última quarta-feira, dia 11 de Junho, a Delegada Regional Sandra Mara esteve no Colégio Municipal Maria Luiza de Melo, em período noturno, onde palestrou a respeito do tema "Violência e Consequências Penais".

Na ocasião, pais e alunos da Educação de Jovens e Adultos puderam debater a respeito de questões referentes as violências contra crianças e adolescentes, bem como questões referentes ao compartilhamento e uso indevido de imagens envolvendo este público.
Agradecemos à Delegada que sempre se coloca à disposição do EMFRENTE para trabalhar de forma preventiva na orientação a pais, educadores e alunos da Rede Municipal de Ensino de São José.


6 de jun. de 2014

Maus-tratos psicológicos agridem tanto quando punições físicas


A revista Veja publicou matéria divulgando um artigo norte-americano no qual especialistas afirmam que depreciar, denegrir, ridicularizar, aterrorizar e explorar uma criança é a forma mais comum de abuso na infância e, assim como punições físicas, podem causar diversos problemas comportamentais ao longo da vida. O artigo foi publicado na revista Pediatrics por autores que fazem parte da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente. A matéria da Veja afirma, no entanto, que dados do Brasil apontam que, no País, as agressões físicas são mais comuns do que maus-tratos psicológicos. Em maio de 2012, o Ministério da Saúde divulgou levantamento indicando que, entre crianças de até nove anos de idade, os tipos de violência mais comuns são negligência e abandono (36%), seguidos de abuso sexual (35%). Entre jovens de dez a 14 anos, os principais abusos são os físicos (13,3%) e os sexuais (10,5%); e entre adolescentes de 15 a 19 anos, os principais tipos de violência são as físicas (28,3%) e as psicológicas (7,6%).

Comentários:
Anna Christina Cardoso de Mello
Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da SPSP
Concordo com as conclusões do artigo norte-americano de que a violência psicológica é tão nociva quanto as outras formas de violência, potencialmente até mais, em alguns casos, pela sua invisibilidade e subjetividade.
Na verdade, a violência psicológica pode ser mais prevalente que as outras formas e estar subestimada, isto é, em menor número nas estatísticas, pela dificuldade em ser detectada e medida concretamente. Suas consequências podem ser devastadoras e se manifestar no momento do ato, enquanto ele durar (horas, dias, meses, anos ou toda a vida) e por muito tempo também após sua ocorrência, especialmente se não houver atenção e tratamento adequados. Além disso, a violência psicológica acompanha as outras formas de violência, medidas em nosso País como mais frequentes (física, sexual e negligência) e pode se apresentar também de forma indireta quando, por exemplo, a criança presencia cenas de violência física e/ou psicológica entre os pais, entre outros membros da família ou em sua comunidade.
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Publicado em 11/04/2014.
photo credit: Rebecca Abell | Dreamstime Stock Photos
FONTE:  http://comunidadespsp.wordpress.com/2014/04/18/maus-tratos-psicologicos-agridem-tanto-quando-punicoes-fisicas/

5 de jun. de 2014

Abuso sexual é o segundo tipo de agressão mais comum contra crianças brasileiras


Dados do Ministério da Saúde apontam que esse tipo de agressão está atrás apenas da negligência e abandono em crianças de zero a nove anos

Abuso infantil: a violência sexual representa 35% das notificações de agressão contra crianças de zero a nove anos(Thinkstock)

A violência sexual é o segundo tipo de violência mais comum contra crianças de zero a nove anos. Com 35% das notificações, ela está atrás apenas da negligência e abandono (36%). Os números preliminares fazem parte de um levantamento inédito divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde, com base em dados do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA). De acordo com o VIVA, em 2011 foram registradas 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos.


De acordo com o VIVA, a violência sexual é também a segunda agressão mais cometida contra adolescentes de 10 a 14 anos, representando 10,5% das notificações – atrás apenas da violência física (13,3%). Entre os jovens de 15 e 19 anos, essa agressão ocupa o terceiro lugar (5,2%), atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%).
Do total de registros, 22% são relacionados a crianças com menos de um ano de idade e 77% envolveram crianças entre um e nove anos. A maior parte das agressões ocorreu na residência da criança (64,5%), e entre as agressões corporais, o espancamento foi o mais frequente (22,2%), atingindo mais meninos (23%). Grande parte dos agressores são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.
Monitoramento – O VIVA foi implantado em 2006 e coleta dados por meio da Ficha de Notificação/Investigação individual de violência doméstica, sexual e/ou outras violências. Em 2011, esse tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos de saúde do Brasil.
A Rede de Núcleos de Prevenção de Violências e Promoção da Saúde tem financiamento do Ministério da Saúde. Esses núcleos são responsáveis, por meio das secretarias de saúde, por implementar ações de vigilância e prevenção de violências, identificar e estruturar serviços de atendimento e proteção às crianças e adolescentes em situação de risco. Só neste ano, o Ministério da Saúde já investiu 25 milhões de reais para as secretarias estaduais e municipais de Saúde para o desenvolvimento de ações de vigilância e prevenção de violências.

4 de jun. de 2014

Inaugurado Núcleo Regional de Perícias de São José

Foi inaugurado na manhã de quarta-feira (04/06), a sede do Núcleo Regional de Perícias de São José.  A estrutura irá funcionar em um imóvel localizado na Avenida Nereu Ramos, no. 1068, no bairro Campinas.  No local, haverá serviços como Instituto de Identificação, para confecção de carteira de identidade, médico legista e Corregedoria do IGP.  Durante a solenidade o secretário do Estado da Segurança Pública, César Augusto Grubba, fez a entrega simbólica de 71 coletes balísticos para os peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) que atuam em locais de crime.  Em seu discurso, Grubba destacou a parceria entre o Governo do Estado, através do SSP, e a Prefeitura Municipal de São José.  "Estamos resgatando um compromisso com São José, que é o quarto município em arrecadação de impostos e não contava com uma estrutura de perícia oficial", disse o secretário.  Até então, para realizar um exame de corpo de delito, por exemplo, um morador de São José precisava se deslocar até a sede do IGP, no bairro do Itacorubi, em Florianópolis.  Para a Secretária de Segurança de São José, Andréa Pacheco, a unidade vai facilitar o acesso da população do município aos serviços prestados pelo IGP.  O funcionamento do Núcleo também facilitará os encaminhamentos de estruturas, como os dois Conselhos Tutelares que atuam no Município.  "Com a presença de um médico legista no município, nossa intenção é retomar o Protocolo de Atendimento às Vítimas de Violência", completa a secretária Andréa Pacheco.  A abertura do Núcleo Regional de Perícia em São José e resultado de um convênio entre o Governo do Estado e Prefeitura.  O Município cedeu o espaço físico e colabora com pessoal, sendo que o Estado investiu R$65 mil em adaptações e equipamentos, além de ser responsável pela contratação dos profissionais, como médico legista. Participaram da solenidade o secretário de Estado de Segurança Pública, César Augusto Grubba, e seu adjunto, Coronel PMRR Fernando Rodrigues de Menezes; prefeita Adeliana Dal Pont, e seu vice José Natal Pereira, de São José; secretária de Segurança de São José, Andréa Pacheco; Diretor Geral do IGP perito Rodrigo Tasso, e seu adjunto, perito Giovani Eduardo Adriano; Delegado Geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D'Aávila; Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar, Coronel Marcos de Oliveira.  

FONTE:  São José em Foco - Quarta-feira, 04 de Junho de 2014
Ano VI - Edição 815

3 de jun. de 2014

Promovendo Saúde Mental


Garantir a saúde mental e o desenvolvimento emocional das crianças é tarefa central para os profissionais da Primeira Infância. Porém, o conceito de saúde mental e desenvolvimento emocional pode variar de acordo com a cultura, e por isso é importante que cuidadores, visitadores e pediatras considerem os costumes de cada família e sua cultura ao orientar os pais sobre os cuidados com a criança, para que ela possa se desenvolver com alegria e auto-estima.
Pensando nisso, a Academia Americana de Pediatria (AAP), por meio do programa Bright Futures,preparou a publicação a seguir. Nela estão disponíveis informações sobre como monitorar o desenvolvimento infantil e apoiar esse processo de forma adequada e completa, focando a importância do desenvolvimento emocional e da saúde mental na infância. A publicação salienta que é preciso atenção redobrada com crianças que fazem parte do grupos de risco, como aquelas que apresentam doenças crônicas e histórico familiar de depressão ou divórcio, foram vítimas de violência ou estão inseridas em contexto de vulnerabilidade social e pobreza.
O conteúdo inteiro está disponível, em inglês, aqui:  http://brightfutures.aap.org/pdfs/Guidelines_PDF/4-Promoting_Mental_Health.pdf
FONTE:  http://www.radardaprimeirainfancia.org.br/promovendo-saude-mental/

2 de jun. de 2014

Resiliência no desenvolvimento: a importância da primeira infância

Pesquisas sobre resiliência indicam que, durante a primeira infância, é importante que as crianças recebam cuidados de boa qualidade e tenham oportunidades de aprendizagem, nutrição adequada e apoio da comunidade para as famílias, facilitando o desenvolvimento positivo das capacidades cognitivas, bem  como das habilidades sociais e de  autorregulação. Crianças com relações de apego saudáveis e com bons recursos adaptativos naturais tendem a ter um bom  início de vida, equipando-se com o capital humano e social que lhes permitirá ter sucesso ao ingressar na escola e na sociedade. Essas crianças geralmente manifestam resiliência face à adversidade enquanto suas habilidades fundamentais de proteção e seus relacionamentos continuam a funcionar e a se desenvolver. As maiores ameaças a crianças pequenas ocorrem quando os principais sistemas de proteção para o desenvolvimento humano são prejudicados ou 
descontinuados. Na primeira infância, é particularmente importante que as crianças tenham o sentimento de segurança garantido por laços de apego com cuidadores competentes e afetuosos, bem como a estimulação e a nutrição necessárias para o desenvolvimento saudável do cérebro, e oportunidades para  aprender; que vivenciem o prazer de dominar novas habilidades, e que  recebam do ambiente limites e estrutura indispensáveis para desenvolver o autocontrole.

Tanto as pesquisas sobre resiliência quanto os estudos sobre o desenvolvimento normal e a ciência da psicopatologia e da prevenção destacam a importância da primeira infância para o estabelecimento de proteções fundamentais oferecidas às crianças por relacionamentos positivos, desenvolvimento saudável do cérebro, habilidades de autorregulação adequadas, apoio da comunidade para com as famílias e oportunidades de aprendizagem. Um referencial de resiliência para os sistemas de cuidados emergiu com
ênfase na construção de pontos fortes e de competências para crianças, suas famílias, seus relacionamentos e as comunidades em que vivem.

Está claro que muitas crianças nas sociedades modernas enfrentam riscos múltiplos e cumulativos, que demandam diversas intervenções de proteção e esforços abrangentes para prevenir ou diminuir os riscos para as crianças e suas famílias. Nenhuma criança é invulnerável e, com o aumento dos níveis de risco, é cada vez menor o número de crianças que ficam isentas das consequências de adversidades. A primeira infância é um período crucial de oportunidades para que as famílias e a sociedade garantam às crianças os recursos e as proteções necessárias para o desenvolvimento das ferramentas adaptativas  e dos relacionamentos necessários para enfrentar o futuro bem preparadas.

Estas informações estão disponíveis em artigo completo:  http://www.enciclopedia-crianca.com/Pages/PDF/Masten-GewirtzPRTxp1.pdf