28 de nov. de 2013

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Nosso blog já atingiu um número de 9.000 visualizações!
Agradecemos a cada um de vocês que contribui com o trabalho de proteção à infância e adolescência.


26 de nov. de 2013

Prevenção começa em casa

Um telefonema feito por um garoto de 12 anos à Polícia Militar em 2011, chamou a atenção da mídia.  Este jovem morador de Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, ligou para a Polícia com o objetivo de denunciar a própria mãe. De acordo com o garoto, ele e seus dois irmãos mais novos eram maltratados e abandonados por ela. O fato que foi investigado pela polícia abriu espaço para discussão a respeito do preparo que as crianças têm para fazer o mesmo, ou seja, denunciar qualquer agressor.
De acordo com a psicóloga Andrea Possato, esse trabalho deve começar em casa. “Os pais devem orientar a criança a respeito da violência infantil e precisam estar muito atentos ao que acontece com os filhos.” Para isso, ela explica que o relacionamento deve estar baseado em um diálogo aberto, no qual a criança tenha possibilidade de falar a respeito de seus sonhos e dificuldades.
A dica da psicóloga é colocada em prática por Adriano Teodoro, pai de um garoto de sete anos. Todos os dias ele separa um tempinho para conversar com o filho e aproveita para perguntar tudo que aconteceu naquele dia. “A gente tem que estar sempre presente na vida do filho. Às vezes, pode acontecer dele ter vergonha de contar alguma coisa para os pais, mas nós não podemos ter vergonha de perguntar as coisas pra ele”, conta.
Segundo Andrea, esse diálogo entre pais e filhos deve começar assim que a criança aprende as primeiras palavras. “Quando minha filha começou a falar, eu já explicava que existiam partes do corpo dela que ninguém podia tocar e, se algum dia outra pessoa mexesse ali, ela deveria contar para a mamãe”. A psicóloga, mãe de uma garotinha de três anos, agia dessa maneira devido à idade da filha. “Você não vai falar abertamente para a criança o que pode acontecer e quão ruins as pessoas podem ser, mas deve orientá-la passo a passo”, explica.
Ao fazer isso e prestar atenção no comportamento dos pequenos, será mais fácil perceber atitudes incomuns apresentadas por eles. “Caso você imagine que algum tipo de abuso esteja acontecendo, é importante buscar as autoridades e um acompanhamento psicológico”, recomenda Andrea.
No entanto, o advogado Josias Bittencourt aponta que não é necessário “pegar o microfone e anunciar isso para o mundo”. Segundo ele, “o denunciante poderá ir discretamente diante da autoridade policial, do Ministério Público ou do Conselho Tutelar”. Dessa maneira, a situação será investigada e esse denunciante “estará prestando um serviço não apenas à criança violentada, mas à sociedade”.
Por Raquel Derevecki

22 de nov. de 2013

Proteja Brasil: Aplicativo que ajuda a proteger crianças


Um aplicativo para smartphones e tablets é o novo aliado no combate à violência contra crianças e adolescentes brasileiros. O Proteja Brasil, resultado de uma parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan, da Bahia, foi desenvolvido pela Ilhasoft.


O aplicativo apresenta de forma simples informações sobre os tipos de violência e indica ao usuário, a partir do local onde ele está, telefones e endereços de delegacias, conselhos tutelares e organizações que ajudam a combater a violência contra a infância e adolescência nas principais cidades brasileiras. Nas demais cidades, o aplicativo indica o Disque 100.

Para os brasileiros que estão no exterior, o aplicativo apresenta os números de telefones e endereços das Embaixadas e Consulados do Brasil no Exterior.

“As políticas públicas intersetoriais para prevenção e combate à violência são, sem dúvida, fundamentais. Mas se os cidadãos não denunciarem situações que caracterizam violações de direitos, nunca daremos um basta a essas práticas inaceitáveis”, diz a coordenadora da área de Proteção do UNICEF no Brasil, Casimira Benge. “Mudar essa situação está nas mãos de cada um de nós.”

O aplicativo já está disponível na Apple Store e no Google Play. Basta procurar pelo nome ‘Proteja Brasil’ para fazer o download.

Como parte da campanha de lançamento, uma animação criada pela agência Fermento para divulgação em redes sociais (#PROTEJABRASIL) explica como o software funciona. A narração é do ator Lázaro Ramos, embaixador do UNICEF no Brasil.

Quanto mais gente souber da existência desse aplicativo, mais chances teremos de prevenir a violência e proteger nossas crianças”, diz Lázaro Ramos na animação, cuja gravação foi realizadapela agência A!Comunicações.

Informações: ONU

Participação Infantil no Processo Educativo


Incluir as crianças no processo educativo significa estimular, encorajar e permitir que elas expressem suas opiniões sobre os assuntos ligados a elas. Na prática, significa que os adultos devem escutar as crianças, e mais do que isso, considerar suas opiniões. Isso permite que elas aprendam formas construtivas e positivas de influenciar suas relações. A participação deve ser autêntica e as crianças devem expressar seus sentimentos, esperanças e expectativas, ideias e sonhos. Isto requer, na maioria das vezes, uma mudança radical no comportamento e modo de pensar dos adultos.

Saiba porque a participação infantil é fundamental para um pleno desenvolvimento das crianças:
- Contribui para sua formação e para o desenvolvimento de valores, atitudes, habilidades e capacidades para o exercício da cidadania e para a atuação social desde a infância.
- É uma forma concreta de se reconhecer os direitos da criança e sua condição de sujeito social.
- Contribui para o processo de socialização da criança.
- Facilita a convivência entre pais e filhos, assim como a execução dos projetos e programas sociais que trabalham para e/ou com crianças.
- Garante o reconhecimento social das crianças e adolescentes e promove o desenvolvimento da sua consciência coletiva como grupo social.

Conheça os desafios e obstáculos que encontramos para implementar a participação infantil no processo educativo:
O conceito de infância que ainda prevalece na sociedade enxerga a criança como um objeto, propriedade dos pais, que recebe de forma passiva os conhecimentos passados pelos adultos.
- As relações entre adultos e crianças tendem a ser assimétricas e autoritárias (adulto versus criança).
- Há ausência de políticas públicas que facilitem a participação de crianças, especialmente nas esferas de decisão (por exemplo, dentro da família, da escola, da comunidade, etc.), bem como o limitado apoio governamental às iniciativas de crianças e adolescentes.
- Inexistência de canais de participação nas estruturas e espaços de socialização em que as crianças atuam.
- As estratégias metodológicas adotadas em programas e projetos costumam ser equivocadas ou inadequadas e não favorecem a participação das crianças e adolescentes.
- Faltam recursos humanos capacitados para encorajar processos participativos.

Saiba quais as vantagens da participação infantil no processo educativo para a criança:
- Ajuda no desenvolvimento da autoestima, segurança, autonomia e domínio de habilidades sociais das crianças.
- Desenvolve capacidades de expressão de sentimentos e ideias.
- Melhora a capacidade de inter-relação pessoal, ampliando o diálogo com o adulto, facilitando o tratamento de conflitos, na elaboração de propostas e na percepção da sua realidade e senso crítico.
- Contribui para reforçar a integração social das crianças.
- Reforça os valores de solidariedade e democracia.
- Desenvolve habilidades para assumir responsabilidades.
- As crianças e adolescentes adquirem maior conhecimento sobre seus direitos.

Conheça as vantagens da participação infantil no processo educativo para a família:
- Fortalece a relação entre pais e filhos, com a construção de canais de diálogos.
- Promove uma maior confiança e respeito entre pais e filhos.
- Possibilita que os pais conheçam mais sobre como seus filhos se sentem e pensam.
- Promove o estabelecimento de regras de convivência junto com os filhos.
- Possibilita o maior cumprimento das regras de convivência em casa e fora dela.
- Promove um ambiente familiar mais equitativo entre todos os seus membros.

Veja as vantagens da participação infantil no processo educativo para a sociedade:
- Promove relações mais equitativas entre adultos e crianças.
- Influem nas visões dos adultos e das próprias crianças.
- Cria condições para uma presença maior das crianças e dos adolescentes nas organizações e instituições comunitárias.
- Gera maior apoio governamental às iniciativas das crianças e adolescentes.
- Forma as crianças para o exercício de sua cidadania e liderança.
- Contribui para o desenvolvimento de mecanismos que garantem que as crianças sejam ouvidas e que sua opinião seja levada em consideração.

19 de nov. de 2013

Conselho Tutelar e suas Funções

Quais as funções legais do Conselho Tutelar? Como os Conselheiros devem agir para cumpri-las? Para cumprir com eficácia sua missão social, o Conselho Tutelar, por meio dos conselheiros tutelares, deve executar com zelo as atribuições que lhe foram confiadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o que, na prática, resulta na faculdade de aplicar medidas em relação: às crianças e adolescentes; aos pais ou responsáveis; às entidades de atendimento; ao Poder Executivo; à autoridade judiciária; ao Ministério Público; às suas próprias decisões.
A faculdade de aplicar medidas deve ser compreendida e utilizada de acordo com as características e os limites da atuação do Conselho Tutelar.
O conselheiro tutelar deve:
  • Zelar pelo cumprimento de direitos
  • Garantir absoluta prioridade na efetivação de direitos
  • Orientar a construção da política municipal de atendimento
 Veja no quadro abaixo as tarefas executadas pelo conselho tutlar e as atividades que não fazem parte de suas atribuições:


CONSELHO TUTELAR
O QUE FAZ
O QUE NÃO FAZ e o que não é
  • Atende queixas, reclamações, reivindicações e solicitações feitas pelas crianças, adolescentes, famílias, comunidades e cidadãos. 
  • Não é uma entidade de atendimento direto (abrigo, internato etc.).
  • Exerce as funções de escutar, orientar, aconselhar, encaminhar e acompanhar os casos.
  • Não assiste diretamente às crianças, aos adolescentes e às suas famílias.
  • Aplica as medidas protetivas pertinentes a cada caso
  • Não presta diretamente os serviços necessários à efetivação dos direitos da criança e do adolescente.
  • Faz requisições de serviços necessários à efetivação do atendimento adequado de cada caso. 
  • Não substitui as funções dos programas de atendimento à criança e ao adolescente.
  • Contribui para o planejamento e a formulação de políticas e planos municipais de atendimento à criança, ao adolescente e às suas famílias.

9 de nov. de 2013

Seu filho te tira do sério? Isso é sério!


Por: Luzinete Carvalho
Crianças não “tiram os adultos do sério”! Adultos já estão “fora do sério”. Adultos vivem “fora do sério” por questões pessoais! Por suas próprias frustrações, preocupações, medos, mágoas, receios, pressa, pressões externas e internas, os adultos estão constantemente fora de si, desarmonizados, encolerizados, contidos, como bombas prestes a explodir. O que acontece é que facilmente se deixam explodir quando precisam lidar com quem é menor, mais frágil, indefeso e que geralmente não precisam temer uma retaliação…
Antes de se permitir “sair do sério” com uma criança, reflita se você já não está “fora do sério” por outras razões em sua vida que só você pode (e deve) tentar mudar! Pode ser a vida apressada, cheia de horários controlados por segundos preciosos, que não podem ser “perdidos” por causa de uma criança, que precisa andar mais devagar para olhar pedrinhas na calçada. Pode ser as contas para pagar e os prazos para cumprir, que consomem, além de energia física, uma preciosa tranquilidade mental tão necessária para desfrutar da companhia dos filhos.
As expectativas pessoais que visam sempre um futuro melhor, mas fazem esvair por entre os dedos qualquer possibilidade de viver o agora, e tal impossibilidade grita através do choro dos filhos, que imploram agora a atenção de hoje. 
Adultos estão constantemente “fora do sério” por causa das mágoas do passado, da pressa no presente e das angústias do futuro! E as crianças, na verdade precisam de muito pouco, é que o pouco que elas precisam é algo que se tornou muito difícil para nós, adultos! Elas precisam de tempo de qualidade, de olhar demorado, de presença verdadeira, sem TV ligada, sem atender o celular no meio da brincadeira, uma volta na pracinha sem um “anda logo”.
As crianças não nos tiram do sério, não nos cobram nada, é que nós, preocupados, ansiosos e infelizes, nos sentimos cobrados internamente, e quando uma criança nos pede algo simples, lá no fundo sentimos vergonha, pois descobrirmos que somos, ou estamos, incapazes de realizar as coisas simples. E são as coisas simples que carregam em si as maiores alegrias!
Nossas escolhas, conscientes ou não, determinam muitas coisas em nossas vidas, e as crianças chegam depois que muitas já estão solidificadas; e chegam em meio a um turbilhão de preocupações, prazos, horários, dívidas e metas, e as crianças chegam nos pedindo um pouco mais de tempo, passos mais lentos, olhares mais atentos, abraços sem pressa, sorrisos sem limites…
As crianças não nos cobram, elas nos mostram que estamos incapazes disso, e em vez de refletirmos que nossas escolhas podem não ter sido as melhores até então, ou que podem melhorar ou serem diferentes a partir de agora, a gente “prefere” brigar com as crianças, bater nas crianças, sair do sério com as crianças!
Os filhos nos lembram constantemente o que realmente importa, querem apenas um pouco mais da gente mesmo! Mas isso se tornou quase impossível, pois nem lembramos mais quem somos, perdidos entre as experiências do passado, a pressa no presente e o medo do que virá amanhã!
Não lembramos mais quem somos em meio a tantas preocupações e angústias! Precisamos refletir não sobre os adultos que nos tornamos, mas sobre as crianças que nós mesmos um dia fomos! Tentar lembrar o que sentimos, o que desejávamos, o que era importante para nós quando éramos pequenos!
Não existe criança que precisa apanhar para aprender, o que existe, infelizmente, é adulto que precisa bater para “ensinar”. Bater, agredir, gritar, deixar chorar, apressar, negar, brigar, ignorar… E isso tudo por causa de suas próprias questões pessoais.
É difícil e trabalhoso enxergar que o problema pode ser a escola que a criança é obrigada a frequentar, é muito difícil e trabalhoso enxergar que o problema pode ser o ritmo acelerado da vida que escolhemos. Pode ser trabalhoso perceber que o problema pode ser as pessoas que rodeiam as crianças. Pode ser difícil e doloroso enxergar que o problema pode ser a gente mesmo. Por não conseguirmos mudar o contexto que vivemos, decidimos que o problema é a criança, e tentamos mudá-la de todo e qualquer jeito que pudermos.
Romper com o passado, mudar o presente e temer menos o futuro pode dar muito trabalho! Então, decretamos que são as crianças que nos tiram do sério.
Quando cuidar e educar se limita a fazer dos filhos aquilo que a gente quer, quando se limita a enquadrá-los à força dentro de uma rotina alucinada, perdemos toda a leveza, a liberdade e a alegria. Tudo se torna extenuante, e até o que é natural é percebido como se fosse um problema.
Existem métodos, dicas de disciplina positiva que podem indicar o caminho, mas não há soluções prontas, especialmente se o que os pais procuram é um método milagroso que elimine todo e qualquer conflito. As situações tensas, os embates, as crises, sempre vão existir, e são parecidas em todas as famílias, o que difere é a capacidade que algumas pessoas tem de lidar com elas de uma forma mais leve e produtiva.
Não adianta querer ser imediatista. Criar e educar é uma construção diária, lenta, trabalhosa, que se prolonga por todo o tempo que durar a relação, ou seja: provavelmente a vida inteira. O diálogo, a confiança e o respeito se constroem dia a dia nas coisas simples, nos detalhes. Algo que aparentemente não deu certo em uma determinada situação pode ter sido uma semente a germinar e gerar frutos benéficos em um futuro próximo ou distante. Nada se perde no que diz respeito aos cuidados com os filhos!
A maioria das situações de conflito que surgem, especialmente as rotineiras, as que se repetem, podem ser evitadas e contornadas. Os momentos de crise, de embate entre pais e filhos, podem ser superados de forma harmônica e construtiva, se houver um pouco mais de paciência, boa vontade e tempo, três coisas que dependem dos adultos e não das crianças. Carl Gustav Jung já dizia que se você encontrar algo que gostaria de mudar em uma criança, deveria antes se perguntar se não há algo que você deveria mudar em sua própria vida
Por isso, antes de erguer a voz ou a mão para uma criança, reflita sobre o quanto está erguendo a mão para mudar o que não está bom dentro e fora de você. Sempre há muito a ser mudado em nós mesmos quando temos o ímpeto de mudar algo em uma criança!

5 de nov. de 2013

Como ajudar a criança/adolescente que comunica a violência?



Compartilhamos, aqui, a publicação “Como identificar, prevenir e combater a Violência Sexual contra crianças e adolescentes”, realizada pela Secretaria de Promoção Social do Município de Itapetininga (SP), no ano de 2007.  O material fruto do Projeto Criança Pede Proteção volta-se a educadores sociais, professores, profissionais da saúde e comunidade em geral e visa trabalhar informações básicas sobre a violência, além de formas de abordagem e encaminhamento.

De acordo com a cartilha, “a desinformação tem contribuído, muitas vezes, para aumentar o quadro de violências conta crianças e adolescentes”.  E, uma vez providos de um mínimo de informação, família, escola e comunidade podem ter um papel importante na observação de sinais de alerta da violência, percebendo indicadores físicos e/ou comportamentais e procedendo com a denúncia da suspeita. 

A publicação ainda menciona que “o complô do silêncio é muito freqüente.  As vítimas ficam sem denunciar, muitas vezes por achar que não serão acreditadas ou por medo, pois a prática da ameaça é comum por parte do abusador.  O baixo índice de denúncia por parte dos profissionais e comunidade em geral está quase sempre relacionado ao medo de se envolverem com o caso. Deve-se evitar essa atitude, pois a subnotificação promove a perpetuação do ciclo da violência, além de constituir uma grave omissão”.

Nós não sabemos quando iremos nos deparar com um caso de violência contra criança ou adolescente.  Entretanto, para podermos ajudar, é importante ter clareza de algumas recomendações:

- Acreditar e validar a história da vítima:  respeite o seu direito de ser ouvido, de ter sua palavra validada, sem exposições a constrangimentos. 
- Respeitar a confidencialidade o profissional que está a par deve, eticamente, zelar e respeitar as informações repassadas, evitando a socialização do caso.
- Não culpar a vítima:  a criança e o adolescente não “consentem” a violência; cabe ao adulto a tarefa de tratá-los com respeito e dignidade. 
- Respeitar o momento da vítima:  escute com muita atenção e respeito a criança ou adolescente e não peça, desnecessariamente, para repetir o que aconteceu.  A repetição causa sofrimento e possível revitimização.

A partir daí é importante buscar os devidos encaminhamentos e, para tanto, se faz necessário conhecer a “trilha da denúncia”. em se tratando de violência contra criança ou adolescente, há, fundamentalmente, duas formas de fazê-lo:  via Conselho Tutelar do seu município ou Disque 100.

Monstro na cama

A poesia a seguir foi feita pela educadora Rosilene Reinert, durante o Curso de Pós-Graduação em Gestão do Cuidado.  A mesma é Agente de Referência do EMFRENTE, desde 2010 e seu texto sobre o olhar sobre a criança vítima de violência ilustrando o folder do grupo sobre os indícios de violência.


4 de nov. de 2013

Encontro EMFRENTE em Outubro


Aconteceu, na última quinta-feira, o encontro do grupo EMFRENTE, no auditório da Secretaria Municipal de Educação de São José, em ambos os períodos.
  



Nesta ocasião, contamos com a colaboração da Secretaria Municipal de Saúde do município, mais especificamente da Assistente Social Patricia Guarani Kaiowá e das psicólogas Graziele Justino e Aline Banhara, que apresentaram palestras sobre os serviços que integram, elucidando dúvidas dos educadores e facilitando a compreensão acerca das possibilidades de atuação em rede, sobretudo na prevenção e combate às violências.





Uma ação de enfrentamento às violências que vem sendo desenvolvida sob forma de projeto pela professora de Língua Portuguesa no CEM Jardim Solemar, junto aos alunos do 6o ano, foi apresentada pela Agente de Referência e Orientadora Educacional Janete da Silveira.  O grupo teve a oportunidade de conhecer o projeto e apreciar o banner feito pelos alunos, além do livro de poesias sobre o tema também confeccionado por eles.



A Colcha de Retalhos do EMFRENTE também foi apresentada ao grupo, que ainda não havia visto os últimos quadros por eles produzidos já integrando a mesma.  Veio, desta vez, do CEM Interativo Floresta e seguirá, nesta semana, para o CEI Lício Mauro da Silveira.  Novos retalhos foram apresentados pelos representantes do grupo, relatando o último encontro e ações realizadas durante este período. 



O Conselho Tutelar prestou sua contribuição, além da fala realizada no mês de Setembro, a respeito do APOIA, agora com o retalho que demarcará na Colcha a necessidade de atenção às crianças e adolescentes fora da escola.


3 de nov. de 2013

Violência Doméstica


Na década de 60, o Brasil viveu uma epidemia de poliomielite. Hoje, milhares de adultos ainda sofrem as seqüelas desta terrível doença. Para erradicá-la, primeiro foi preciso descobrir uma vacina. Depois, foi necessário um esforço nacional de conscientização, tendo em vista o receio do nosso povo em vacinar suas crianças. E, finalmente, precisou haver uma mobilização de toda a sociedade civil, de todos nós, tanto nas campanhas como no tratamento daqueles que já haviam sido acometidos pela doença e cujas vidas estariam alteradas para sempre.

Trinta anos se passaram. Agora enfrentamos uma nova epidemia: a violência doméstica, que já pode ser encarada como uma doença social. Ela é mais complexa em suas raízes (nunca vamos conseguir isolar o vírus da violência), mais presente em nossas vidas e mais devastadora em suas seqüelas. É imprescindível que toda a sociedade se engaje em uma campanha permanente de combate a este mal, que faz dos mais frágeis suas maiores vítimas.

Desde maio deste ano, a psicóloga Mary Cristina Thomaz Gomes vem coordenando a Campanha de Combate à Violência Doméstica e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes no Estado de Minas Gerais. Essa campanha está sendo realizada pela Visão Mundial do Brasil em parceria com outras organizações governamentais. Prevendo a demanda de material informativo e de capacitação como resultado da campanha, Mary Cristina e Maria Tereza N. M. Fonseca elaboraram uma cartilha, que posteriormente foi publicada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte.

As informações aqui reunidas provêm de conversas com a psicóloga Mary Cristina. O assunto não está esgotado. Aqui estão pinceladas apenas algumas considerações básicas sobre a violência doméstica da perspectiva de um profissional engajado no combate ao que poderíamos chamar de uma situação endêmica.

O combate é importante e é uma estratégia fundamental. Contudo, a prevenção, assim como no caso da poliomielite, continua sendo a medida mais promissora. Como cidadãos e profissionais engajados na luta em favor da criança e do adolescente em risco, devemos observar algumas diretrizes básicas com relação à nossa conduta.

Diagnóstico
Temos o dever de nos informar sobre o que constitui a violência contra a criança. Não precisamos ter certeza; uma desconfiança é o suficiente para nos levar a pesquisar.
Mary Cristina afirma que a criança é um “sujeito de direito e isso significa que ela é considerada um ser humano igual aos outros (adultos); ela tem o direito de ter uma opinião, tem o direito de se expressar; ela não é um objeto para ser manipulado pelos pais ou responsáveis”. A violência doméstica afeta toda a família, mas a criança é quem mais sofre, por ser o elo mais frágil.

Busca de tratamento
A nossa sociedade nos ensina a respeitar limites, o que é muito bom. Mas há alguns limites que precisam ser quebrados quando a urgência é maior. Não é errado discar 192 pedindo socorro para o nosso vizinho que está demonstrando sintomas de um ataque cardíaco, mesmo que ele teime que não tem nada. Da mesma maneira, a denúncia é uma chamada de emergência em busca de tratamento para uma família que já não consegue encontrar a ajuda de que precisa. Se não tomarmos a iniciativa, a situação familiar pode piorar e o resultado muitas vezes chega à morte!

Mary Cristina entende que “às vezes os familiares estão angustiados e querem denunciar uma pessoa, mas têm medo”. Ela lembra que o estatuto prevê situações assim: “Mesmo diante de apenas uma suspeita, você deve denunciar”, porque é melhor descobrir que não estava acontecendo nada e dar graças a Deus do que deixar passar, fazer vista grossa”. O estatuto prevê ainda uma responsabilidade dobrada para os que estão trabalhando em contato direto com a criança. Cabe aqui uma pergunta: a sua organização tem promovido a capacitação de seus profissionais nesta área?

Se a denúncia for aquela primeira chamada pedindo socorro, o “posto de saúde” é o Conselho Tutelar. Ele é a sua primeira parada em busca de proteção a uma criança e tratamento para a família. Pela nova legislação, os conselhos são obrigados a manter sigilo sobre quem moveu a denúncia e sobre todo o processo de investigação para averiguar se a situação da criança é segura. Se a pessoa denunciada não for culpada, ela não será punida.

Cobrança do tratamento
Qualquer cidadão brasileiro cuja renda não permite pagar um plano de saúde sabe que, para conseguir cuidados médicos, é preciso muita insistência. O mesmo acontece com os conselhos tutelares. As estruturas legais já foram criadas. Cada um de nós precisa tomar consciência disso e começar a cobrar e a insistir para que cada município tenha o seu pessoal capacitado, devidamente remunerado e munido do que for preciso para uma ação eficaz de proteção à crianças e ao adolescente.

Você pode estar se perguntando: “Mas o que fazer onde não existe um Conselho Tutelar?” Nessa circunstância, procure uma autoridade reconhecida: um juiz, um pastor, alguém que inspire o respeito da comunidade — faça alguma coisa! Mary Cristina explica que “o agressor reina soberano em sua casa, mas quando é checado pela sociedade... bem, ele não quer ser tratado como trata os seus!”

Seqüelas
O resultado a longo prazo dos maus tratos à criança dentro de casa é que elas tomam o caminho da rua. Então o que era assunto de família se torna caso de segurança pública, afetando a todos nós.

O ser humano é um ser social. Ele aprende a ser parecido com o adulto que o criou. Se o ambiente em que ele vive é violento, as chances de ele mesmo vir a ser uma pessoa violenta são maiores do que para aqueles que tiveram uma infância tranqüila.

E aqui cabe mais um alerta da psicóloga: Um tapa hoje pode vir a ser um espancamento amanhã”. As famílias brasileiras precisam reelaborar seus conceitos de disciplina de forma a prevenir situações explosivas. Esta tarefa cabe a todos nós. Todos estamos sujeitos a fazer uso da violência contra o mais fraco em situações de estresse.

Mas há outras conseqüências, como morte, deformidades físicas, inanição, traumatismo craniano, gravidez incestuosa, além das deformações psicológicas. Mensagens como “Você nunca deveria ter nascido”, “Você é um estorvo”, “Você não presta” têm efeitos duradouros e devastadores, podendo levar até mesmo ao suicídio.

Espera pelo melhor
É necessário identificar as causas da violência — uso de drogas (inclusive o álcool) ou até mesmo uma doença mental — e encaminhar o agressor para um tratamento adequado como uma condição para ele se reunir novamente à família. Mary Cristina afirma que “muitas vezes a família está precisando de ajuda, inclusive de profissionais da área de saúde mental”.

Se o agressor não for tratado e simplesmente tirarmos a criança de perto dele, além de estarmos vitimando ainda mais a criança (é ela quem vai enfrentar a perda de laços familiares), estaremos permitindo que o agressor eleja outro membro da família para agredir. “Temos grande preocupação com um tratamento para o agressor, porque muitas vezes ele está reproduzindo o que aconteceu com ele”, afirma Mary Cristina.

É importante separar a vítima do agressor, mas apenas temporariamente. Mais importante ainda é prescrever um tratamento para todos, de forma que a família seja fortalecida e possa voltar a viver uma vida sadia. O Conselho Tutelar tem o papel de organizar esse tratamento e encaminhar a família para que ela seja ajudada. Mary Cristina conta o caso de um senhor, diácono na igreja, que foi denunciado pela própria esposa como molestador de suas filhas adolescentes. Ele foi encaminhado para tratamento com uma psicóloga. Sua esposa, com sintomas psicóticos, foi tratada por um psiquiatra e as filhas foram ajudadas por uma assistente social. Assim, a família conseguiu superar os problemas e se restabelecer.

Por uma família feliz
Nenhum membro de uma família que esteja enfrentando a violência se sente feliz — nem mesmo o agressor. O mal tem de ser combatido por todos os lados, inclusive pelo lado espiritual. Esperamos que daqui a mais trinta anos possamos colher os frutos do nosso esforço contra a violência doméstica e que muitos adultos de então, hoje crianças, tenham sido poupados das seqüelas de uma infância triste e opressora.

Mary Cristina Thomaz Gomes, psicóloga e psicanalista, é especialista em violência doméstica contra crianças e adolescentes.

FONTE:  http://www.biblioteca.maosdadas.org/?pg=show_artigos&area=revista&artigo=8&sec=5&num_edicao=0&util=1