“...Conforme dados oficiais, uma em cada duas meninas e um
em cada seis meninos sofrem alguma forma de abuso sexual antes de completar 18
anos. Noventa por cento das vezes, quem
comete abuso é um adulto que a criança conhece e em quem confia.
Sob esta luz, nós temos a responsabilidade de orientar as
crianças para que tenham uma compreensão clara quanto aos seus limites
pessoais, bem como apresentar um plano de ação caso esses limites sejam
ultrapassados. As crianças precisam
saber que existem adultos em sua vida com quem elas podem partilhar suas mais
íntimas preocupações, e elas precisam confiar que suas inquietações serão levadas
a sério. Ler este livro e conversar com
as crianças sobre este tema vai ajudá-las a perceber que há alguém em quem
podem confiar, caso estejam sofrendo algum tipo de abuso sexual, ou caso algum
de seus amigos esteja.
A intenção deste livro não é assustar as crianças, mas ajudá-las a se sentirem seguras. Saber diferenciar um toque adequado de um inadequado, e saber o que fazer quando o toque de alguém a incomodar será um bom começo rumo à conquista deste objetivo. Como adultos, não podemos assegurar que as crianças vivam livres do perigo; mas nós podemos garantir que estaremos ao seu lado quando algo acontecer.”
O texto acima é um trecho da introdução da seguinte bibliografia:
O livro em questão é uma produção da Editora Paulus. Ele tem um viés cristão e aborda com cuidado
e respeito o tema sob a perspectiva das crianças menores. Pode servir de base para pais/responsáveis e
educadores adequarem sua fala às crianças alertando a respeito dos cuidados
consigo, com seu corpo e com abordagens indevidas. As ilustrações, de R. W. Alley, já são ricas
o suficiente para suscitarem conversas a respeito de suas interpretações, enfatizando
o cuidado, segurança, conforto, desconforto, raiva, segredos, culpa e apoio.
Alguns trechos do livro para que você avalie sua aplicabilidade junto aos crianças com quem convive, na prevenção às violências:
TOQUES SÃO MENSAGENS
As pessoas frequentemente se comunicam por meio do toque. Amigos que não se veem há tempo se abraçam para dizer: "Eu estava com saudade de você!". Seus pais talvez lhe deem um beijo antes de você ir para a cama como modo de dizer: "Eu o amo!". Crianças muito pequenas às vezes batem nas outras ou beliscam quando estão bravas ou desapontadas. Pessoas assustadas tentam empurrar as pessoas que as estão intimidando.
CONFIE NOS SEUS SENTIMENTOS
Se alguém tocar em você (ou mesmo tentar tocar) de modo que você fique confuso, assustado, machucado, bravo, envergonhado ou um pouco arrepiado - confie nos seus sentidos. Fale sobre o que aconteceu com um adulto em quem você confia, fale sobre o que você sentiu e o que você pode fazer.
TOQUE NÃO É PARA MACHUCAR
Mesmo pessoas que se amam muito ficam bravas umas com as outras às vezes. Pais e mães às vezes discutem e levantam a voz. Irmãos brigam entre si e, às vezes, mesmo melhores amigos ficam bravos uns com os outros. Quando nós estamos muito bravos, talvez nos sintamos tão mal, que queremos bater em alguém, ou beliscá-lo, ou chutá-lo. Não há problema em sentir raiva, nem mesmo em socar um travesseiro quando ficamos bravos. Mas bater em um animal ou em uma pessoa não é um bom caminho para mostrar a raiva. Lembre, um toque não é para machucar.
TOQUE SEGURO E COM AMOR NÃO É UM SEGREDO PARA MANTER
Muitas pessoas gostam de manter segredos. Compartilhar um segredo com alguém faz com que nos sintamos especiais, porque duas pessoas sabem algo que ninguém mais sabe. Muitos segredos são divertidos, como os planos para uma festa surpresa de aniversário ou um presente de Natal que você pretende dar a sua mãe. Mas hã segredos que NÃO são para serem guardados. Se alguém tocou em você de um modo que o machucou ou confundiu, conte para a pessoa em quem você confia - mesmo que quem tocou em você tenha pedido para manter segredo.