26 de mai. de 2015

Faça Bonito em São José na Mídia Local

As ações desenvolvidas pela Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José em prol da campanha de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes foram, também, registradas pela mídia impressa local. Confira, abaixo:

Jornal de Barreiros - São José, ano 23, n.269, Maio 2015

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Live - Grande Florianópolis, ano 3, edição 93, terça-feira, 26 de Maio de 2015

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25 de mai. de 2015

Agentes de Referência do EMFRENTE participam de capacitação sobre trabalho infantil

Na última sexta-feira, 22 de Maio, os Agentes de Referência do EMFRENTE, além dos Agentes Comunitários de Saúde do município, participaram de uma capacitação coordenada pela Secretaria Municipal de Assistência Social, mais especificamente pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).


Esta oportunidade visou a promoção da articulação intersetorial para fortalecimento do enfrentamento do trabalho infantil na identificação e prevenção.  A discussão sobre este tema foi de grande importância para os Agentes de Referência do EMFRENTE, tendo em vista a vulnerabilidade em que se encontram crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, suscetíveis à formas diversas de violência.


Durante todo o dia os profissionais presentes debateram acerca do tema com o palestrante, André Viana Custódio, Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Sevilla/Espanha (2012), Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (2006), Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), Graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999), Professor Permanente dos Programas de Mestrado e Doutorado em Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Coordenador do Grupo de Estudos em Direitos Humanos de Crianças, Adolescentes e Jovens (GRUPECA) e Pesquisador do Grupo Políticas Públicas de Inclusão Social (UNISC).

22 de mai. de 2015

EEB Altino Corsindo da Silva Flores realiza Caminhada pela Paz

No dia 21 de maio a ação de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, promovida pela Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência, em parceria com o EEB Altino Corsino da Silva Flores, caracterizou-se por uma caminhada pela paz. 


Alunos, profissionais e comunidade, deslocaram-se da instituição de ensino, percorrendo a Rua Gerôncio Thives, Rua Guatemala, Rua Combo e, posteriormente, concentrando-se em frente à Igreja Nossa Senhora Aparecida.  No local, o coral da escola realizou uma apresentação e também houve distribuição de material gráfico, exposição de faixas e banners.


É São José fazendo bonito, pela prevenção e enfrentamento às violências.

20 de mai. de 2015

EMFRENTE na capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde

No dia de hoje, uma das ações da Semana de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, proposta pela Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José, foi a realização da palestra “A importância da atenção dos Agentes Comunitários de Saúde aos indícios de violência contra criança e adolescente”, apresentada pela Psicóloga Ana Brasil, representando o EMFRENTE.


O evento, que teve por objetivo apresentar os indícios de violência que crianças e adolescentes costumam manifestar em ocasiões em que estão sendo vítimas de violência, além de orientar os profissionais sobre os procedimentos de denúncia e importância de notificação, aconteceu na Escola de Formação em Saúde (EFOS).


A palestra atendeu a 168 profissionais, sendo que no período da manhã compareceram 81 Agentes Comunitários de Saúde e no período da tarde, 87.

Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes: O que temos a ver com isso?

Durante a semana de combate ao abuso e à exploração sexual contra crianças e adolescentes, a universidade Federal de Santa Catarina, por meio do Núcleo Vida e Cuidado – NUVIC, promoveu o evento “Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes:  O que temos a ver com isso?”.  A programação estendeu-se por quatro dias, entre 18 e 21 de maio, com palestras, mesas redondas e debates. 
O EMFRENTE prestou sua contribuição no evento, com a psicóloga Ana Brasil de Oliveira integrando  a mesa redonda do dia 19, que tratou dos estudos sobre violência sexual contra crianças e adolescentes .  Na ocasião foi apresentada a proposta de trabalho que o grupo vem desenvolvendo desde o ano de 2010, bem como as ações da Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José em prol da semana.

19 de mai. de 2015

O Mosaico Protetivo de São José

 
O QUE É O MOSAICO

O Mosaico Protetivo  é uma produção coletiva onde cada serviço que integra a Rede de Proteção e Atendimento do Município de São José/SC manifestou-se em relação à importância do enfretamento e prevenção à violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes.
 

O QUE É A REDE

A Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência é um organismo instituído pelo Decreto 3.352/2014, composto por integrantes das secretarias e órgãos municipais que tem a finalidade de discutir, planejar, deliberar, programar e executar ações que visem proteção às pessoas em situação de violência.

 
O QUE É A CAMPANHA

18 de Maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Criança e Adolescente, decretado pela Lei Federal 9.970/2000, data escolhida em razão do dia 18 de maio de 1973, onde uma menina de 8 anos foi sequestrada, violentada sexualmente e cruelmente assassinada no Espírito Santo. Seu corpo foi encontrado seis dias depois carbonizado e os seus agressores, jovens de classe média alta, nunca foram punidos. 

O município de São José/SC aderiu à campanha "Faça Bonito", que tem por objetivo mobilizar a sociedade brasileira no engajamento pelos direitos de crianças e adolescentes e na luta pelo fim da violência sexual.

 
COMO CONTRIBUIR

Cada pessoa pode fazer a sua parte neste movimento, DENUNCIANDO os casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes. A denúncia pode ser anônima pelos telefones: Direitos Humanos -  Disque 100 -  ou nos Conselhos Tutelares de sua região. Em São José: (48) 3259-8972 (Sede) ou (48) 3240-6778 (Barreiros).
 
 
RETALHOS DO MOSAICO

Abaixo você pode conferir as produções realizadas em cada retalho recebido pelas instituições de ensino, Unidades Básicas de  Saúde, Centros de Referência em Assistência Social, Secretarias Municipais de Educação, Saúde, Segurança e Assistência Social,dentre demais esferas que compõem a Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José.

 
 
 
(Clique para ampliar as imagens)

Durante a semana de 18 a 22 de Maio o Mosaico Protetivo ficará exposto na Prefeitura Municipal de São José.  Em Agosto, estará exposto no evento "Festival de Artesanato Algodão Doce", no Centro Multiuso de Florianópolis.  Você que integra as instituições da Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José também pode solicitar o mosaico para expor na instituição em que atua.  Contate-nos!
 

18 de mai. de 2015

CEM Santa Terezinha fazendo bonito

No dia 18 de Maio, com o propósito de lembrar a comunidade de Forquilhas sobre a importância de preservar a infância e adolescência contra às mais diversas formas de violência, os alunos do CEM Santa Terezinha saíram às ruas com faixas e cartazes. 


A flor, slogan da campanha Faça Bonito - Proteja Nossas Crianças e Adolescentes, estava presente nas mãos dos alunos, durante a caminhada pelo entorno da instituição de ensino.

Ato marca a abertura da Semana de Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes em São José

segunda-feira, 18 maio 2015 16:53
                                                                                           
Até o dia 22 de maio, uma série de eventos divulgará a importância do Disque 100

A prefeita Adeliana Dal Pont e a pequena Thuany Camile Inácio finalizaram um dos painéis de tecido com o símbolo do movimento contra o abuso sexual de crianças e adolescentes
 
Esta segunda-feira (18) é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Para marcar a importância da data, a Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José lançou uma programação com diversas atividades de conscientização.
Durante a cerimônia, foi aberta a exposição “Mosaico Protetivo” com diversos trabalhos realizados nas escolas, nas unidades de saúde, CRAS, CREA e nos Conselhos Tutelares do município. A produção coletiva tem 80 metros lineares e está em exposição no prédio da Prefeitura de São José até o final desta semana. A prefeita Adeliana Dal Pont, como representante da sociedade, foi convidada contribuir com os trabalhos da mostra.
Acompanhada da aluna Thuany Camile Inácio ela finalizou um pequeno painel de tecido, com o símbolo do movimento. “Este é um dos momentos mais difíceis para fazer um discurso, pois precisamos reconhecer que ao nosso lado e, muitas vezes, perto de nós uma criança ou adolescente pode estar sofrendo algum tipo de violência”, afirmou Adeliana, ao destacar que desde 2013 a administração não mede esforços para atender as denúncias que são apresentadas ao Município.

As crianças do CEI Bom Jesus de Iguape assistiram a uma apresentação do projeto Hora do Conto Itinerante
 
Adeliana recorda que, quando assumiu a Prefeitura, mais de mil casos estavam parados, aguardando encaminhamentos. “Que todos nós possamos ter esse compromisso de combater a violência infantojuvenil. As vítimas precisam da nossa atenção e da nossa coragem”, acrescentou.
Até o dia 22 de maio, o projeto passará por escolas, postos de saúde, CRAS e pontos de movimentação da cidade com faixas e material explicativo. Além disso, serão coordenadas atividades de contação de histórias, vídeos e debates orientados. “Vamos promover a reflexão utilizando diversas formas, de acordo com o público e com a faixa etária dos participantes”, explica a representante da Rede, Ana Brasil.
O principal destaque é a divulgação do Disque 100 como uma importante ferramenta que está disponível à população para receber denúncias de forma anônima. “O número de notificações está aumentando e isso mostra que a conscientização das pessoas é o caminho certo para atingirmos esse alvo”, acredita Ana.

A prefeita Adeliana Dal Pont destacou que o combate a violência infantojuvenil precisa ser um compromisso de todos
 
Neste sentido, a secretária municipal de Assistência Social, Norma Warmling, destaca que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de São José é um espaço privilegiado para atender crianças e adolescentes que são vítimas de qualquer forma de violência. “Todas as nossas estruturas de serviço precisam estar atentas para apoiar esta causa. Nossos servidores, igualmente, precisam entender que este é um papel de todos nós”, pontuou.
Os professores do projeto Hora do Conto Itinerante, da Secretaria Municipal de Educação, apresentaram a história da “Tartanina” e do “Antonio” para os alunos do CEI Bom Jesus de Iguape.  De forma lúdica e descontraída, as educadoras abordaram a importância do assunto e incentivaram os pequenos a conversar com a família e os professores sobre qualquer situação diferente.

Fotos: Daniel Pereira – Secom/PMSJ

FONTE:  http://www.pmsj.sc.gov.br/2015/05/ato-marca-a-abertura-da-semana-de-combate-ao-abuso-sexual-de-criancas-e-adolescentes-em-sao-jose/

15 de mai. de 2015

Violência Doméstica - Orientações às Vítimas


É fundamental que as vítimas de crime exerçam o seu direito de apresentação de denúncia crime, para dar início à resolução do problema da violência doméstica. 

Se é vítima de violência doméstica procure sempre um hospital, centro de saúde ou médico particular , mesmo que não apresente sinais externos de agressão. Se possível solicite a um familiar ou pessoa amiga que (o) a acompanhe.

Se foi vítima de violação não deve lavar-se até ser observada por um (a) médico (a). Guarde, sem lavar, a roupa que vestia no momento.

Nas áreas de Lisboa, Porto e Coimbra as vítimas devem dirigir-se para exame médico-legal ao respectivo Instituto de Medicina Legal. Fora destas áreas há Gabinetes médico-legais a funcionar continuamente em hospitais.


NÃO CONSINTA – DENUNCIE!

Procure apoio junto da família, dos amigos, do médico de família.

Existem profissionais especializados para ajudar a resolver o seu problema

Dê o primeiro passo 

Contacte as autoridades policiais. 

Solicite informação e apoio jurídico.

Acredite em si – é possível recomeçar uma vida sem violência.

Dê a si e aos seus filhos uma oportunidade de serem felizes.


INFORMAR É PREVENIR

“Todos os seres Humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”
Declaração Universal dos Direitos do Homem (1949), Art.1.º

A Violência Doméstica é um atentado à dignidade do Ser Humano.
Violência Doméstica é definida como qualquer conduta ou omissão que inflija reiteradamente sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos, de modo directo ou indirecto, (por meio de ameaças, enganos, coação ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado familiar ou que não habitando, seja cônjuge ou companheiro ou ex-cônjuge ou ex-companheiro, ascendente ou descendente.
Comissão de Peritos para o Acompanhamento da Execução
do I Plano contra a Violência Doméstica, 2000

O termo doméstico no âmbito da “violência Doméstica”, não deve confinar-se apenas aos limites das paredes do lar familiar, mas antes, focalizar-se no tipo e na natureza das relações que envolvem determinadas pessoas. UNICEF 2000

Tipos de Violência:
  • Maus tratos físicos (pontapear, esbofetear, atirar coisas)
  • Isolamento social (restrição do contacto com a família e amigos, proibir o acesso ao telefone, negar o acesso aos cuidados de saúde)
  • Intimidação (por acções, por palavras, olhares)
  • Maus tratos emocionais, verbais e psicológicos (acções ou afirmações que afectam a auto-estima da vítima e o seu sentido de auto-valorização)
  • Ameaças (à integridade física, de prejuízos financeiros)
  • Violência sexual (submeter a vítima a práticas sexuais contra a sua vontade)
  • Controlo económico (negar o acesso ao dinheiro ou a outros recursos básicos, impedir a sua participação no emprego e educação)
A violência doméstica é um problema transversal, ocorrendo em diferentes contextos, independentemente de factores sociais, económicos, culturais, etários. Embora seja exercida na grande maioria sobre mulheres, atinge directa, ou indirectamente crianças, idosos e outras pessoas mais vulneráveis ou com deficiência física.
Apesar de algumas abordagens académicas chamarem a atenção para um aparente aumento das vítimas de sexo masculino, verifica-se uma prevalência esmagadora de vítimas do sexo feminino, bem como uma crescente exposição estatística de vítimas de escalões etários mais elevados.

O aumento dos números de denúncias-crime expressos nas estatísticas oficiais é fruto de uma maior visibilidade do fenómeno, de campanhas públicas de sensibilização, maior consciencialização das vítimas para os seus direitos e maior exposição mediática; Tendo em consideração que as formas de violência ocorrem, fundamentalmente no espaço privado do lar, e dada a fragilidade das vítimas, esta problemática requer por parte das autoridades policiais uma atenção especial, no que respeita à garantia da segurança e protecção das vítimas, salvaguarda e preservação dos seus direitos no respeito da lei.


13 de mai. de 2015

A Sexualidade Infantil no Tempo e no Espaço do Adulto

Mamãe, onde eu estava antes de eu nascer? Como entrei na sua barriga? Como saí dela?
O que é namorar? Você vai ter outro filho?
Mamãe, o Pedro falou que os pais deles transam. O que é isso?
O que é camisinha?
Hoje na escola o João chamou a Helena de puta.
Embora a sexualidade infantil tenha sido “descoberta” no início do século XX, ela continuou sendo ignorada, ou mesmo anulada, pela maioria das pessoas por muitos anos mais, já que a ideia de infância, pura e sem pecado, parecia incompatível com o conceito de criança como ser sexual, um ser que busca prazer em seu próprio corpo conforme as etapas do seu desenvolvimento.
As dificuldades em lidar com os comportamentos de caráter sexual infantil fizeram, e ainda faz muitos de nós, ignorar, negar e até mesmo repreender a criança em situações de interesse ou manifestação de sua própria sexualidade. Um exemplo clássico é explicação sobre a origem dos bebês a partir da cegonha, repolhos, sementinhas comidas pela mãe ou até mesmo como um “produto” comprado no supermercado. Explicações estapafúrdias para se esquivar da verdadeira resposta sobre a concepção.
Se de um lado o fácil acesso ao conhecimento e a maior abertura para o diálogo nos auxiliam na compreensão das manifestações da sexualidade infantil, de outro, temos encontrado dificuldade em lidar com várias situações em que a sexualidade da criança se expressa. Por quê? Porque as crianças têm sido cada vez mais expostas a situações que envolvem a sexualidade adulta e as relações humanas.
A primeira pergunta feita pela criança relacionada à sexualidade refere-se à curiosidade sobre seu nascimento e sua origem – onde ela estava antes de nascer, como ela entrou na barriga da mãe, como ela se alimentava lá dentro e como saiu de lá.  Cada uma destas perguntas exploratórias e naturais da infância, em geral feita entre os34 anos de idade, merece uma resposta simples e verdadeira, assim como outros questionamentos que surgem vinculados às descobertas do corpo e aos relacionamentos afetivos. No entanto, presenciamos manifestações e discursos infantis que vão além daquilo que é experimentado e “esperado” no mundo infantil.
É evidente que vivemos uma mudança na dinâmica e comportamentos da criança, antecipado por sua exposição ao mundo e ao tempo do adulto, dentro e fora de casa. Além disto, as vivências infantis se ampliaram uma vez que estão inseridas numa sociedade permeada de paradoxos, diferenças e variáveis. Nos dias de hoje, as perguntas vindas das crianças estão mais complexas porque a vida assim se apresenta: filhos de pais separadosirmãos de pais diferentes, filhos sem pai ou que não vivenciaram a presença de pai e mãe no mesmo lar, crianças educadas pelos avós, dificultando a diferenciação de papéis exercidos por eles, e até mesmo crianças criadas por dois homens ou duas mulheres.
Mas não pára por aí. O belo está associado ao sensual e muitas vezes nos remete ao sexual. O erotismo, o culto ao corpo e sua exposição, marcados em todos os âmbitos sociais, faz com que os temas abordados pelas crianças não se esgotem na simples curiosidade ou manifestação da sexualidade esperada para sua idade. O mundo adulto invadiu o mundo infantil através dos meios de comunicação, brinquedos, vestuários e produtos de diversas naturezas que transformam a criança num adulto mirim. Desodorante próprio para crianças (que ainda não apresentam sudorese elevada para fazer uso deste produto), sutiãs com bojo (para as meninas que não desenvolveram as glândulas mamárias), sandálias de salto alto, maquiagens especiais, bonecas e roupas sensuais, são apenas alguns exemplos do quanto a adultização e erotização da infância da menina tem ultrapassado os limites saudáveis da brincadeira e experimentação do mundo da mulher adulta. Hoje elas não usam mais os sapatos grandes da mamãe ou da vovó; elas têm os seus.
Com as músicas e danças de conteúdo sexual, cujos refrãos e passinhos obscenos são tão bem reproduzidos pelas crianças, elas aprendem que o que é de cunho privado é público. O exibicionismo e “poder” do masculino são reforçados para além do instinto que já lhe pertence; desde pequenos os meninos são estimulados a olharem eroticamente para as mulheres nas propagandas de revistas e na rua, chamar-lhe de gatinha/gostosa e entitular coleguinhas de namorada.
Estímulos desta natureza jogam a criança contra a experiência sexual própria da infância, na medida em que a invadem no tempo, no físico (provocando, inclusive, alterações endócrinas) e no social. Por isto, a simples pergunta sobre a origem dos bebês torna-se cada vez mais complexa, já que vem acompanhada de outras mais: O que é boiola? O que é sexo oral? Para que serve um vibrador?
Por acharem “engraçadinhas” as manifestações adultas reproduzidas pelas crianças, e sem a consciência do que isso pode provocar nelas, muitos adultos acabam estimulando comportamentos adultizados que ultrapassam aquilo que é saudável. Estas manifestações precisam ser repensadas e redirecionadas, uma vez que extrapolam o tempo, a experiência e  a condição emocional necessária para o bom desenvolvimento da criança.
Perguntas e comportamentos sexuais devem surgir de acordo com a curiosidade própria de cada etapa do desenvolvimento, entre elas: sobre a origem dos bebês,  as diferenças sexuais, jogos e manipulações genitais.  A diversidade e as diferenças existem e devem ser apresentadas às crianças conforme sua capacidade de compreensão e curiosidade/questionamentos como forma de respeito para consigo mesma.
Se pensarmos que a expectativa de vida das pessoas aumentou nos últimos anos, para quê estamos diminuindo a fase infantil e acelerando, cada vez mais, as vivências que pertencem ao mundo adulto? Crianças não aprendemde maneira voraz, sem paciência, cheias de informações que exigem tempo de maturação física e afetiva para serem tratadas e digeridas.  Devemos pensar na sexualidade infantil sob a ótica da criança, inseridas não no tempo veloz e agressivo do adulto, mas em um tempo que é respeitoso com aquele que está crescendo e aprendendo. Precocidade é porta aberta para vulnerabilidade. Vamos fechá-la?
Por Veronica Esteves de Carvalho

11 de mai. de 2015

Formação do EMFRENTE - Encontro Mês de Maio


O terceiro encontro de formação dos Agentes de Referência do EMFRENTE acontecerá amanhã, na Casa do Educador.  Na ocasião, tendo em vista a campanha Faça Bonito,  debateremos os temas "Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes", com a Corregedora Geral da Polícia Civil, Sandra Mara Pereira, e "A Importância da Notificação de Violência Interpessoal e Autoprovocada", com a Assistente Social da DANTs, Thayse Pinheiro.

Mídia e adultização de meninas


Nas páginas de revistas assim como nas ruas encontramos meninas com roupas, maquiagem e poses de mulher. A infância vai embora cada vez mais cedo e as meninas entram no mundo adulto mesmo sem estarem preparadas para essa transição. Mas, afinal, por que as crianças estão deixando de ser crianças? Para a professora da Universidade do Estado da Bahia, Cristhiane Ferreguett, a adultização precoce da menina acontece por pressão dos meios de comunicação que incentivam o consumo de produtos e serviços. “Criança com o comportamento de criança consome menos e por isso a publicidade e a mídia solicitam que as meninas se vistam como uma mulher adulta, usem maquiagem e outros produtos.” Ela explica que as crianças vivem em uma sociedade com forte apelo ao consumo e, bombardeadas pela publicidade, passam a ter desejos de aquisição de bens supérfluos que em sua imaginação irão transformar a sua vida para melhor. “Nesse contexto, batons, sombras, esmaltes, roupas e sapatos apropriados para a mulher adulta são oferecidos para as meninas como sendo algo necessário para a vida delas”, explica Ferreguett.

Não é difícil achar na mídia conteúdos que contribuem para que crianças assumam posturas e comportamentos de adultos. A antecipação e a ampliação da faixa etária que consome produtos femininos significam mais lucros para o mercado. Nos meios de comunicação e no dia a dia, encontramos desde lojas que vendem sutiãs com bojo para meninas e sapatinhos com salto até salões de beleza com serviços de adulto também para o público infantil. Da mesma forma, a imagem predominante na mídia é a da mulher erotizada, além de conteúdos com apelos sexuais constantes que acabam exercendo influência sobre o comportamento das crianças. Vale lembrar que a adultização chega para meninas e também para meninos na medida em que as crianças precisam assumir responsabilidades e preocupações de adultos, como o medo da violência, da falta de dinheiro e vivenciar exigências da sociedade relacionados ao consumismo e ao ideal de perfeição.

Em sua tese de doutorado “Relações dialógicas em revista infantil: processo de adultização de meninas”, defendida na PUC-RS no último mês de agosto, Cristhiane Ferreguett, que é do Departamento de Letras, analisou a edição especial para meninas de seis a onze anos de uma revista infantil de grande circulação. Ela estudou o discurso publicitário presente em reportagens da revista e os efeitos de sentido produzidos no que se refere à adultização precoce da menina. Segundo ela, “as reportagens da revista analisada parecem uma espécie de guia de comportamento para o consumo de produtos que a criança não precisa consumir. Falsas necessidades que substituem relações e valores humanos autênticos e promovem a crença que nossa identidade está alicerçada sobre os bens que possuímos ou consumimos.” O estudo parte de considerações a respeito da criança em uma perspectiva sócio-histórica e desenvolve reflexões sobre a comunicação de massa, publicidade em geral e publicidade para crianças, além de uma abordagem sobre a legislação específica.
A autora observa que, como em um jogo de sedução, há “um empenho do locutor em se aproximar da criança e conquistar sua confiança, usando para isso uma variação de tom, ora de um locutor infantil, ora de um adulto que quer – aparentemente – cuidar e proteger.” A adultização precoce da menina é construída discursivamente e também pode ser observada pelos modelos adultos apresentados como referência de como a menina deve se vestir, se maquiar, se pentear e do modo como ela deve agir e ser. Ela completa que todas as reportagens analisadas para a produção de sua tese desobedecem ao Código de Defesa do Consumidor, CDC, bem como o Código de Autorregulamentação Publicitária do Conar.

O processo de adultização da criança incentiva o consumo de produtos normalmente desnecessários para uma criança. A criança não é responsável pela compra mas é afetada pelos valores divulgados pelas mensagens da publicidade. “Acredito que meninas não precisam de salto alto, de kits de maquiagem, de joias ou de bijuterias. Todas essas necessidades são criadas pela mídia e pela sociedade de consumo. Uma menina que vive sua infância, sem se preocupar com o que dita o mercado da moda, consome muito menos que uma menina que se importa em seguir os modelos preestabelecidos pelo mercado do consumo” explica a autora da tese.

E como as famílias encaram a adultização precoce? Cristhiane conta que sua pesquisa não teve o objetivo de entrevistar pais, mas é possível observar nas redes sociais que muitos estimulam as próprias filhas em práticas que são mais apropriadas para os adultos. “Quando pais postam fotos de suas filhas bem pequenas com unhas pintadas ou roupas justas e curtas vemos que muitas pessoas comentam positivamente em tom de aplauso e com o valor discursivo do tipo “está ficando mocinha!” ou “que linda!” Mas eles estão de certa forma reproduzindo, sem criticidade, o discurso midiático”, explica.

Ela espera que o seu estudo sirva de apoio para o trabalho do professor do ensino fundamental junto às crianças no processo de discussão de textos midiáticos – em especial o texto publicitário – e para o embasamento de uma leitura crítica de revistas e outros produtos de comunicação que circulam em nosso meio social. “A escola precisa inserir a leitura crítica e a discussão de textos midiáticos, especialmente os publicitários, em suas atividades rotineiras, além de desenvolver projetos para capacitar melhor o professor nesse sentido. Uma educação séria e comprometida com um futuro mais humano e menos consumista deve fazer um discurso contrapondo com o discurso midiático”, defende a autora que também integra a Rede Brasileira Infância e Consumo, Rebrinc.

Texto publicado originalmente no site Consciência e Consumo.

8 de mai. de 2015

São José: Faça Bonito em 2015!


A Rede de Proteção às Pessoas em Situação de Violência de São José/SC (organismo instituído pelo Decreto 3.352/2014, composto por integrantes das secretarias e órgãos municipais) desenvolverá ações voltadas à prevenção, combate e incentivo a denúncia do abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, como nos anos anteriores, em prol da campanha "Faça Bonito" - Proteja nossas crianças e adolescentes.

Considerando a Secretaria Municipal de Educação como um dos componentes desta Rede, as ações se darão em parceria com nossas instituições de ensino.  Além do que, temos conhecimento de que grande parte dos casos de violência contra crianças e adolescentes são identificados pelas instituições de ensino, onde estes passam grande período.

Neste sentido, informamos que o evento de abertura acontecerá no dia 18 de maio de 2015, às 15h00min, no hall de entrada da Prefeitura Municipal de São José. Nesta ocasião será exposto o “Mosaico Protetivo: uma trama no enfretamento à violência sexual contra crianças e adolescentes”. Para isso cada serviço que integra a rede de proteção e atendimento do município (instituições de ensino, unidades básicas de saúde, centros de referência em assistência social, dentre outros) já está desenvolvendo uma produção relacionada à importância de ações de enfretamento e prevenção à violência sexual contra criança e adolescente.  E, para tanto, utilizarão materiais e a técnicas diversas, como caneta para tecido, bordado, patchwork, fuxico, patchcolagem, colagem, pintura, etc. O objetivo desta atividade é destacar a importância da rede de proteção e atendimento articulada e integrada, além de sensibilizar a comunidade para prevenção, enfrentamento e denúncia da violência e exploração sexual contra crianças e adolescentes

Empresários da região foram grandes parceiros, ao contribuírem na doação de matéria prima (tecido, viés, etc.) e prestação de serviços.  Contamos, para este fim, com a Art DelFrio, Artisan, Atelier Brasil de Pano, Central do Pano, Lojas Zelita, Editora ArtesanAto, Malharia Laudeci, Vera Cruz, além das Escolas Profissionais de São José.

Assim como no ano anterior, na Secretaria Municipal de Educação, cada instituição desenvolverá ações junto às crianças e adolescentes que atendem, como contação de história, confecção de cartazes, exibição de vídeos, dentre outros.  Estas estão sendo planejadas pelos Agentes de Referência do EMFRENTE em conjunto com a equipe pedagógica e acontecerão em cada CEI e CEM ao longo da semana do 18 de maio.
 
Juntas, Secretaria Municipal de Educação, Saúde, Assistência Social, em parceria com outros órgãos que atuam no sistema de garantia de direitos da criança e adolescente de São José, reforçam a importância do trabalho em rede, onde cada integrante é peça fundamental no mosaico de proteção  à infância e adolescência.

Abaixo, a programação oficial da ação, no município de São José (clique para visualizar):
 
 

7 de mai. de 2015

Crianças e adolescentes em risco no mundo virtual


Você deixaria seu filho sozinho na porta de casa conversando com um estranho durante horas? Certamente não. Mas é isso que acontece com crianças e jovens na internet, em sites de relacionamento, salas de bate-papo e programas de mensagens em computadores, tablets ou celulares. Ao usar um computador com acesso à internet, mesmo quando estão sob os nossos olhares, ou de algum responsável, nem sempre sabemos de fato onde estão e o que fazem em suas atividades virtuais. Além do bombardeio de publicidade, exposição a conteúdos inadequados, como pornografia e violência, e contato com pessoas mal-intencionadas são alguns dos riscos do uso da tecnologia sem supervisão. Mesmo o contato com pessoas conhecidas e amigos pode trazer problemas como quando ocorre a divulgação de imagens ou informações que deveriam estar restritas ao campo privado. O bullying, que nos ambientes virtuais causa um efeito ainda mais devastador em suas vítimas, também preocupa pais e educadores.
Crianças e adolescentes precisam de diversão e interação para crescerem de forma saudável. Com a possibilidade de conversar com pessoas diferentes, viajar por locais desconhecidos, ter acesso a muita informação, poder compartilhar fotos com vários amigos, ver vídeos divertidos e usar jogos, a internet é um grande parque de diversões, tanto para adultos quanto para os mais jovens. Privar nossos filhos de todas estas atividades prazerosas pode parecer um ato de injustiça. Mas se as crianças e os adolescentes não estão preparados para fazer um uso seguro da rede mundial de computadores porque o acesso é liberado pelos pais? Falta a consciência da responsabilidade pelos atos no mundo real e virtual, que deve ser ensinada desde cedo. Julgamentos indevidos, ofensas, preconceito e discriminação são comuns e muitas crianças e adolescentes acham que podem fazer o mesmo devido ao mau exemplo de outros usuários e a força do anonimato. Muitas vezes os próprios pais não têm informação suficiente sobre o uso responsável e seguro da internet nem sabem ser educados e respeitosos ao usar rede sociais. Como o exemplo é a mais poderosa forma de ensinar uma criança, é preciso coerência entre o que se fala e o que se faz.
Afinal, o acesso à internet, seja em casa ou na escola, deve ser acompanhado de perto por adultos. E adultos com conhecimento e discernimento para avaliar onde a criança pode navegar e onde não pode. E os pais estão conseguindo fazer este acompanhamento? O mesmo vale para a TV, seja a aberta ou por assinatura. Quantos pais e mães supervisionam o que seus filhos assistem e também colocam senhas e bloqueiam os canais que consideram inadequados na TV por assinatura? As empresas de TV por assinatura facilitam e estimulam essa ação por parte dos pais? Se não fazem deveriam fazer.
Na escola ou em casa, para a realização de tarefas escolares, o uso do Google tornou-se obrigatório para os estudantes. Lembro da boa e velha enciclopédia Barsa ou Delta Júnior, com todos os seus volumes bem colocados na estante da sala décadas atrás. Se a professora pedisse um tema para ser pesquisado, era certo que a enciclopédia teria o conteúdo para o trabalho, feito em folha de papel almaço ou cartolina. Também fazíamos pesquisas em revistas e jornais em papel. Nostalgia à parte, antigamente fazer pesquisa escolar era muito mais simples, sem perigos, não dependia de modem ou eletricidade. Mas hoje o computador é um imperativo na vida escolar dos alunos. Todos os dias, professores exigem pesquisas pela internet. Mas será que as escolas refletem sobre essa exigência? Haverá sempre um responsável para supervisionar a tarefa? Nem mesmo dentro da escola, o uso da internet consegue ser segura. E os sites de busca podem levar os estudantes a locais indesejados. Usamos programas para barrar sites inadequados? Estaremos sempre por perto para garantir o acesso apenas aos sites seguros? E como colocar limites na curiosidade, principalmente na dos adolescentes? No caso do Facebook, a idade mínima permitida para se ter um perfil é 13 anos. Quantos usuários com 12 anos ou menos você conhece? Se esta regra é infringida com o consentimento dos pais, por que não desrespeitar outras regras também?
Enquanto o acesso à web dependia do único computador da casa e de uma conexão por um fio de telefone o controle era mais fácil. Agora os equipamentos estão menores e mais acessíveis para os pequenos, podendo acontecer o acesso também via jogos, TVs e até máquinas fotográficas. Quantas crianças ganharam um tablet de presente no último Natal? Mesmo que a intenção seja exibir um desenho animado no Youtube ou baixar um joguinho, eles estão aprendendo muito cedo a entrar no mundo virtual e com isso outras questões se fazem presentes.
Na escola, o uso dos celulares com câmeras fotográficas e acesso à internet pode representar um problema. Os vídeos e as fotos que mostram pessoas em situações engraçadas e constrangedores são sucesso na internet, principalmente entre os jovens. Registrar cenas curiosas e também embaraçosas tem sido a meta de muitos. O bullying ganha reforço com a possibilidade do registro associados de palavras e imagens. Cenas que deveriam permanecer privadas chegam ao conhecimento do público com um simples clique. Divulgar comentários ofensivos, exibir o próprio corpo, com ou sem roupa, ou expor um colega têm se tornado cada dia mais frequentes entre crianças e adolescentes. Apesar de proibido durante as aulas, o uso dos equipamentos acontece nos recreios e em todos os momentos em que não há vigilância nas escolas. A vida pessoal do aluno e também de colegas de sala e de professores pode ganhar exposição indevida. Grupos de alunos se reúnem no recreio para exibir conteúdos inadequados para sua faixa etária, ou seja, mesmo que as famílias estejam presentes em casa para impedir que seus filhos acessem sites com conteúdo adulto a exposição acontece na própria escola ou na rua, na casa de um amigo, no clube ou na praça.
Como pais e escolas podem encontrar um caminho para educar os filhos, sabendo da curiosidade e o gosto pelo proibido naturais da adolescência? Falta um pouco de iniciativa para dizer ‘este jogo não é bom para você’, ‘novelas são para adultos’, ‘você não pode fazer algo que prejudique alguém dentro ou fora da internet’. E talvez as crianças, tão habituadas a TVs e computadores, desejem, na verdade, ouvir: ‘que tal desligarmos o computador e irmos brincar lá fora?’.
Conversas frequentes que incluam a questão da importância da privacidade em um mundo onde quase tudo é público e da liberdade associada à responsabilidade devem ser acompanhadas por medidas mais eficazes por parte das famílias e das escolas. As escolas podem promover debates e atividades com pais e alunos sobre o tema para mostrar os efeitos danosos do uso irresponsável das tecnologias. Além do diálogo constante com os filhos, pais podem estar mais próximos dos outros pais e da escola. Podem participar de grupos de discussão na internet formado apenas por pais para saber o que anda acontecendo na escola e nos grupos de amigos. Usar as redes sociais para proteger os filhos do uso das mesmas redes pode ser um caminho estratégico. Proibir o acesso, limitar, estabelecer regras e fiscalizar o cumprimento dos combinados são medidas importantes e cada família vai definir o que deve ser adotado. O que não pode é permitir o acesso geral e irrestrito. Vale lembrar também que o uso de celulares por crianças pode representar um risco para a saúde, como mostram algumas pesquisas. O uso excessivo das demais telas – computadores, televisão, joguinhos – também causa impactos no desenvolvimento global das crianças. Enfim, necessária e urgente a integração escola, alunos, famílias e especialistas, buscando sensibilizar todos os envolvidos do poder, positivo ou negativo, das novas tecnologias em casa e na escola e o seu uso responsável e seguro. Um grande desafio dos tempos atuais. 
Sobre a autora: Desirée Ruas é jornalista e especialista em Educação ambiental e Sustentabilidade. Educadora ambiental e para o consumo. Coordenadora do Consciência e Consumo.

6 de mai. de 2015

Algumas reflexões sobre a infância frente à patologização e medicalização da vida

Temos visto com frequência crianças demonstrando mais cansaço, estresse e outras alterações de comportamento, inclusive de ordem física, que muitas vezes é difícil identificar sua causa-raiz e seus variados reflexos. Sem conseguir diferenciar o que gera determinados comportamentos infantis, alguns problemas acabam se tornando maiores do que deveriam ser.
Mas, como discernir em meio a tal desordem, e cultura da medicalização a que estamos imersos, o grau de relevância dos comportamentos infantis que exigem um olhar e acompanhamento especial?
Vivemos em um mundo onde é exigido da criança atividades e comportamentos que não pertencem à infância.  Aliás, é frequente, nos dias de hoje, vermos questões do mundo infantil sendo negadas e não são aceitas (desobediência, chorosbirrasmedos, etc.) por muitos adultos, que exigem da criança atitudes que não condiz com sua idade e respectiva maturidade. Crianças sem tempo livre para brincar, criar e elaborar suas vivências.
Com tantos comportamentos sendo generalizados e rotulados, perdemos e deixamos de levar em consideração a singularidade de cada criança. Querer que elas sejam todas iguais e se comportem de acordo com regras e normas sociais impostas em determinadas situações – que servem ao adulto e não à criança – é retirar da criança sua expressão natural diante da vida. Ao passar pelo crivo pré‑concebido do que é esperado, desejado e aceito, marginaliza-se o diferente, como algo negativo que deveria ser combatido e eliminado. Certamente, a pretensa normalidade e as comparações se tornam injustas e aniquilam as crianças em sua forma de sentir e agir.
Esta normatização nos conecta ao patológico, fato este que pode contribuir para o adoecimento de crianças e adultos. A medicina acaba por nos encarcerar dentro de diagnósticos bem detalhistas e, o mercado farmacológico, vem de encontro com necessidades de não sofrermos, seja física ou emocionalmente. Ao mesmo tempo em que vivemos na “onda do saudável”, privilegiando uma alimentação e hábitos de vida que priorizam a promoção de saúde, temos o aumento do uso de medicamentos, principalmente de pílulas que oferecem às pessoas um conforto e a crença de que os problemas da vida e dos relacionamentos podem ser resolvidos com a ingestão de tais comprimidos. Fato este que se estende às crianças.
Certo dia, ouvi de uma professora: “O que está acontecendo com nossas crianças? Que movimento é este que estamos vivenciando? Tivemos a primeira reunião escolar do ano com a coordenadora da escola e ela nos falou que estamos em um ano doente. Ou seja, temos muitas crianças com doenças que requerem nossa atenção e cuidado especial. Crianças com doenças de ordem física, como diabetes, pressão alta, e outras com muitos diagnósticos que, não se resume ao TDAH ”.
O aumento expressivo do número de crianças que estão sujeitas à medicalização, em consequência de comportamentos considerados desviantes, está cada vez mais evidente. A meu ver, um fator relevante que agrava esta situação que muitos pais e crianças vivem diz respeito à terceirização dos cuidados infantil, que, ao transferir para outras pessoas a tarefa de cuidado e responsabilidade pelas crianças, cria uma distância afetiva entre pais e filhos, o que pode vir a interferir no desenvolvimento global e na formação de identidade da criança.
E aqui fica uma pergunta: São as crianças que estão mais doentes ou os adultos que estão menos dispostos a lidar com o que as criança nos trazem em seu processo de formação? É preciso pensar quais têm sido as exigências dadas às crianças que a elas não pertencem e por isso as fazem adoecer. Assim como pensar no papel do adulto diante da educação afetiva e não se deixar cegar e adormecer pelo que nos é dado socialmente – por exemplo, a ideia que pouco tempo com qualidade é suficiente para se estabelecer uma relação saudável entre pais e filhos.
Criança precisa ser criança. É importante afastá-las dos problemas, brigas e preocupações dos adultos; dar a ela uma rotina que respeite seu tempo e ritmo de desenvolvimento. O contato e vínculo próximo e estreito com os pais são fundamentais e insubstituíveis; o caminho que a criança percorre e seu desenvolvimento é determinado pelapresença e ausência afetiva dos pais e pela relação estabelecida entre ambos.
 Por Veronica Esteves de Carvalho.