1 de mai. de 2015

Manual Crianças e Jovens vítimas de violência: compreender, intervir e prevenir


AOS QUE IRÃO DESENVOLVER AÇÕES DE PREVENÇÃO, MANEJO E ENFRENTAMENTO DAS VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES, SOBRETUDO EM PROL DO 18 DE MAIO, RECOMENDAMOS A LEITURA DESTE MANUAL, DESENVOLVIDO POR PORTUGAL (DAÍ, A GRAFIA DIFERENTE DA "NOSSA").  ABAIXO, COMPARTILHAMOS SUA APRESENTAÇÃO:
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O Manual Crianças e Jovens vítimas de violência: compreender, intervir e prevenir foi desenvolvido pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima com o apoio financeiro da Direcção-Geral da Saúde.

Desde a sua fundação, em 1990, que a APAV tem apoiado crianças e jovens vítimas de violência, bem como os seus familiares, amigos ou profissionais que trabalham directamente com estes grupos. Contudo, a complexificação e diversificação das formas de violência de que são alvo têm obrigado a um progressivo investimento por parte da APAV na busca de novas abordagens compreensivas e, fundamentalmente, novas metodologias de intervenção, de prevenção e de formação.

Este Manual incide em quatro formas de violência centrais, a saber, maus-tratos, violência sexual, bullying e violência no namoro. Não sendo aleatória, esta escolha assenta nas principais necessidades percebidas e no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nos contextos escola, família e comunidade. Assim, e partindo de uma abordagem compreensiva de cada uma das formas de violência em análise (Parte I), serão explorados princípios e práticas de intervenção (Parte II) e identificados e sistematizados pressupostos e estratégias de prevenção (Parte III).

Este Manual pretende ser uma fonte de informação válida para os profissionais que trabalham com crianças e jovens, permitindo reflectir acerca do diagnóstico e sinalização de situações de risco e acerca da eficácia das estratégias de intervenção. Pretende também servir os propósitos daqueles que direccionam a sua prática para o desenvolvimento de programas de prevenção para a violência em geral e, em particular, nos domínios assinalados.

A abordagem utilizada assenta na apresentação da violência como um problema de Saúde Pú- blica, com consequências físicas e psicológicas gravíssimas e com custos sociais sérios para as pessoas e para a sociedade. Contudo, a violência é também apresentada, não como algo que acontece e sobre a qual nada podemos fazer, mas como algo que é possível prevenir.

Os profissionais de saúde (ex: enfermeiros; médicos), os profissionais de educação (ex: professores; educadores de infância) e outros profissionais (ex: psicólogos; assistentes sociais) que no exercício das suas funções contactam, de forma directa, mais ou menos próxima e regular, com crianças e jovens devem ser entendidos (conjuntamente com o contexto físico no qual laboram, isto é, centros de saúde; hospitais; estabelecimentos de ensino; centros de ocupação ou aproveitamento de tempos livres; etc.) enquanto entidades privilegiadas na detecção e sinalização de situações de vitimação cometidas contra a população infantil e juvenil.

Estes profissionais e respectivos contextos de trabalho são definidos enquanto ENTIDADES DE PRIMEIRA LINHA no que à protecção da infância e juventude diz respeito. Assim, têm legitimidade (legal) para intervir na promoção dos direitos da criança ou jovem e na sua protecção em relação ao perigo e vitimação que, de outra forma, poderiam passar incólumes e, por este meio, contribuir (ainda que inadvertidamente) para a perpetuação da vivência de uma situação violenta, agravando as consequências para o bem-estar físico e mental da criança ou jovem, bem como para o seu desenvolvimento óptimo nos mais diversos níveis de funcionamento.

Pelo facto de a revelação espontânea pela vítima de uma experiência de vitimação se revelar improvável, acentua-se o papel crucial dos profissionais que interagem com a criança ou jovem:
- Na leitura e reunião de indicadores ou sinais de vitimação que possibilitem o correcto reconhecimento e detecção de uma situação de violência: · Detecção de danos e lesões físicas intencionais (que não possam ser explicados por acontecimentos acidentais) compatíveis com uma experiência de vitimação; · Observação e apreensão de mudanças físicas, comportamentais, académicas e relacionais alheias ao funcionamento típico e que possam estar a ser provocadas pela experiência pessoal de uma situação de vitimação; · Observação da postura (colaborativa ou defensiva/evitante) da criança ou jovem perante o profissional (principalmente perante questões sensíveis);
- Na actuação atempada perante a situação de perigo instalada;
- No acompanhamento da situação: · Detecção de eventuais processos evolutivos ou de agravamento que sinalizem a necessidade de uma actuação urgente;
- Na articulação e encaminhamento da criança ou jovem para outros recursos disponíveis na comunidade no domínio da protecção à infância e juventude;
- Na promoção e protecção do superior interesse das crianças e jovens, da sua segurança, bem-estar e desenvolvimento pleno.

Importa, ainda, sublinhar dois aspectos: em primeiro lugar, que cada criança e jovem reúne características únicas e que a promoção dos seus direitos e da sua protecção deverá ser pautada por critérios de profundo respeito pela sua individualidade, sem esquecer os seus vínculos afectivos, familiares e sociais; em segundo lugar, que cada profissional deverá ser capaz de reconhecer os seus limites, munindo-se de recursos técnicos (aquisição e reciclagem de conhecimentos, parcerias, trabalho multidisciplinar) e pessoais (equilíbrio emocional, tolerância à frustração, sensatez) para se sentir competente e seguro na sua actuação.

Por fim, há ainda a criatividade, que sustentada nestes dois pressupostos – competências pessoais e técnicas – pode fazer a diferença quando a gestão e resolução de problemas humanos se apresenta com um nobre, mas difícil, desafio.

Rosa Saavedra
Porto, 11 de Outubro de 2011
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ONDE BAIXAR O MANUAL NA ÍNTEGRA (E, TAMBÉM, FONTE DO TEXTO ACIMA):
http://apav.pt/publiproj/images/yootheme/PDF/Manual_Criancas_Jovens_PT.pdf

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