26 de nov. de 2013

Prevenção começa em casa

Um telefonema feito por um garoto de 12 anos à Polícia Militar em 2011, chamou a atenção da mídia.  Este jovem morador de Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo, ligou para a Polícia com o objetivo de denunciar a própria mãe. De acordo com o garoto, ele e seus dois irmãos mais novos eram maltratados e abandonados por ela. O fato que foi investigado pela polícia abriu espaço para discussão a respeito do preparo que as crianças têm para fazer o mesmo, ou seja, denunciar qualquer agressor.
De acordo com a psicóloga Andrea Possato, esse trabalho deve começar em casa. “Os pais devem orientar a criança a respeito da violência infantil e precisam estar muito atentos ao que acontece com os filhos.” Para isso, ela explica que o relacionamento deve estar baseado em um diálogo aberto, no qual a criança tenha possibilidade de falar a respeito de seus sonhos e dificuldades.
A dica da psicóloga é colocada em prática por Adriano Teodoro, pai de um garoto de sete anos. Todos os dias ele separa um tempinho para conversar com o filho e aproveita para perguntar tudo que aconteceu naquele dia. “A gente tem que estar sempre presente na vida do filho. Às vezes, pode acontecer dele ter vergonha de contar alguma coisa para os pais, mas nós não podemos ter vergonha de perguntar as coisas pra ele”, conta.
Segundo Andrea, esse diálogo entre pais e filhos deve começar assim que a criança aprende as primeiras palavras. “Quando minha filha começou a falar, eu já explicava que existiam partes do corpo dela que ninguém podia tocar e, se algum dia outra pessoa mexesse ali, ela deveria contar para a mamãe”. A psicóloga, mãe de uma garotinha de três anos, agia dessa maneira devido à idade da filha. “Você não vai falar abertamente para a criança o que pode acontecer e quão ruins as pessoas podem ser, mas deve orientá-la passo a passo”, explica.
Ao fazer isso e prestar atenção no comportamento dos pequenos, será mais fácil perceber atitudes incomuns apresentadas por eles. “Caso você imagine que algum tipo de abuso esteja acontecendo, é importante buscar as autoridades e um acompanhamento psicológico”, recomenda Andrea.
No entanto, o advogado Josias Bittencourt aponta que não é necessário “pegar o microfone e anunciar isso para o mundo”. Segundo ele, “o denunciante poderá ir discretamente diante da autoridade policial, do Ministério Público ou do Conselho Tutelar”. Dessa maneira, a situação será investigada e esse denunciante “estará prestando um serviço não apenas à criança violentada, mas à sociedade”.
Por Raquel Derevecki

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