10 de out. de 2012

Menores são vítimas dos próprios pais!!


BEBIDAS ALCOÓLICAS
ALMG discute punição para pais que oferecem bebidas alcoólicas a menores
Cristiane Bindewald
SAO SEBASTIAO DO PARAISO

 


Pesquisas e observações de especialistas das áreas de educação e assistência social apontam para um fato alarmante: a maioria das pessoas inicia o uso de bebidas alcoólicas em casa, ainda na infância ou adolescência, incentivadas pelos pais.

Em audiência pública da Assemblea Legislativa de Minas Gerais, dia 04 de setembro, a juíza de Direito da Vara Infracional da Infância e do Adolescente e da Juventude de Belo Horizonte, Valéria da Silva Rodrigues, defendeu a necessidade de educar e punir os pais que oferecem bebidas alcoólicas a seus filhos ou incentivam o uso.

A reunião foi uma iniciativa da Comissão de Segurança Pública para debater a Lei 19.981, de 2011, que determina sanções aos estabelecimentos que comercializarem ou fornecerem gratuitamente bebidas alcoólicas a menor de idade.

Em uma pesquisa da UNESCO, realizada com estudantes brasileiros de ensino fundamental (5ª à 8ª série) e médio, de escolas públicas e particulares, 10% confirmaram consumir bebidas alcoólicas freqüentemente. Entre os 50 mil alunos entrevistados, 45% disseram beber em eventos sociais. As bebidas mais citadas são cerveja e vinho. A maioria dos jovens admite que começou a beber em casa, por influência dos pais.

No entanto, no Brasil não existem campanhas de consci-entização sobre os malefícios do álcool, para fazer contrapar-tida às campanhas publicitárias, que mostram pessoas bonitas, alegres e satisfeitas consumindo bebidas.

A família é a

primeira escola

Eneida Maria Dionísio Pádua, vice-diretora da Escola Municipal Interventor Noraldi-no Lima, ouviu em vinte anos de magistério muitos relatos de crianças e adolescentes que ingerem bebidas alcoólicas. “Alguns casos chamam a atenção, pois sabemos que vêm de um comportamento indevido, envolvendo a família e, até mesmo, as mães. Muita gente pensa que o vício está ligado somente aos pais, mas percebemos que as mulheres também sofrem desse mal e acabam atingindo indiretamente nossas crianças”, analisa.

Eneida acredita que o exemplo dos pais é muito importante. “Os pais devem ter consciência de que a família é a primeira escola do filho e devem educar primeiramente pelo exemplo”, comenta.

Para a diretora, os pais precisam ser orientados. “Eu não sei que tipo de punição caberia aí, mas acho que deveria ser desenvolvido um trabalho de orientação, para que as famílias saibam os malefícios que o álcool pode estar causando no futuro da criança, em seu desenvolvimento cognitivo”, acrescenta.

Eneida ressalta que filhos de pais alcoolistas podem ter sequelas, como dificuldades de memória e atenção, entre muitas outras.

A vice-diretora tem uma filha de 23 nos e dois enteados, de 39 e 32 anos.  “Em casa foi fácil dar o exemplo, porque ninguém bebe. Eles não sentiram aquela necessidade de achar uma festa legal, porque tem muita bebida, porque é open bar. Eles não sentem falta disso. Eles se divertem com os verdadeiros valores da vida, da presença do outro, de um bom bate-papo, com jogos e filmes”, relata. “Para se estar feliz, não precisamos estar com um copo de cerveja ou vinho na mão”, conclui. 

O exemplo vale mais que mil palavras 

Josimara Neves é psicóloga, com experiência no atendimento a menores infratores. Ela observa que não apenas os pais, mas também o meio social em que as crianças e adolescentes vivem, podem levar ao consumo de álcool.

“Eu observo que o uso começa fora, mas há sempre os exemplos dentro de casa, além da predisposição para o alcoolismo”.

Em sua profissão, observa a correlação do uso de bebidas e drogas e o envolvimento em infrações. 

Josimara fala de sua própria experiência. “Dentro de casa, minha mãe foi meu exemplo a seguir. Por ver o que a bebida fazia na vida de meu pai, resolvi não experimentar. Por ter maturidade emocional e exemplos em casa, resolvi ser diferente”, conta. “O exemplo vale mais que mil palavras. A família inteira de meu pai era alcoolista, o pai do meu pai morreu marginalizado, quase como andarilho”, relembra.

“Como psicóloga, acho que o exemplo dos pais é importante. A família é o alicerce, a célula matriz da sociedade. Sem comprometimento da família, os filhos buscam recursos fora de casa, como fuga ou para a aceitação no grupo. A sociedade também instiga o uso. Não há balada, churrasco ou comemorações sem bebidas. Como é uma droga legal, fica mais fácil manter uso”.




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