6 de jul. de 2015

Situação Mundial da Infância 2011- ADOLESCÊNCIA: Uma fase de oportunidades



PRÓLOGO:

Em 2010, em Bonn, uma jovem provocou grande agitação em uma conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, simplesmente perguntando aos delegados:

“Que idade vocês terão em 2050?”

A plateia aplaudiu. No dia seguinte, centenas de delegados vestiam camisetas estampadas com essa pergunta – inclusive o presidente, que admitiu que em 2050 teria 110 anos, com pouca probabilidade de ver os resultados de nosso fracasso por não termos agido. A mensagem da jovem foi clara: o tipo de mundo em que ela um dia vai viver depende daqueles que o herdarem e daqueles que o deixam como legado.

O relatório Situação Mundial da Infância 2011 ecoa essa percepção fundamental, e desenvolve-se a partir dela. Hoje, 1,2 bilhão de adolescentes encontram-se na desafiadora encruzilhada entre a infância e o mundo adulto. Nove em cada dez desses jovens vivem no mundo em desenvolvimento
e enfrentam desafios particularmente graves, que vão desde adquirir educação até simplesmente sobreviver – desafios que são ainda mais exacerbados para meninas e mulheres jovens.

No esforço global para salvar a vida das crianças, ouvimos muito pouco sobre a adolescência. Tendo em vista a magnitude das ameaças a crianças menores de 5 anos, faz sentido concentrar nelas os investimentos – e essa atenção tem produzido sucessos extraordinários. Nos últimos 20 anos, o número de crianças menores de 5 anos que morrem a cada dia devido a doenças evitáveis caiu em um terço – de 34 mil, em 1990, pra 22 mil, em 2009.

Mas veja o seguinte: no Brasil, as reduções na taxa de mortalidade infantil entre 1998 e 2008 significam que foi possível preservar a vida de mais de 26 mil crianças; no entanto, no mesmo período, 81 mil adolescentes brasileiros, entre 15 e 19 anos de idade, foram assassinados. Com
certeza, não queremos salvar crianças em sua primeira década de vida apenas para perdê-las na década seguinte.

Este relatório apresenta, em detalhes comoventes, o conjunto de perigos que os adolescentes enfrentam: as injustiças que matam 400 mil deles a cada ano; gravidez e parto precoces,
uma causa primária de morte de meninas adolescentes; as pressões que mantêm 70 milhões de adolescentes fora da escola; exploração, conflitos violentos e as piores formas de abuso nas mãos de adultos.

O relatório analisa também os riscos criados por fenômenos que se manifestam agora, como a mudança climática, cujos efeitos cada vez mais intensos em muitos países em desenvolvimento já comprometem o bem-estar de tantos adolescentes; e por tendências relacionadas ao trabalho, que revelam acentuada falta de oportunidades de emprego para jovens, especialmente nos países pobres.

A adolescência não é apenas um tempo de vulnerabilidade – é também uma fase de oportunidades, principalmente para as meninas. Sabemos que meninas mais instruídas são mais
propensas a adiar o casamento e a maternidade – e que seus filhos provavelmente serão mais saudáveis e terão melhor nível educacional.

Ao dar a todos os jovens as ferramentas de que precisam para melhorar suas próprias condições de vida, e ao envolvêlos em esforços para melhorar suas comunidades, estamos investindo na força de suas sociedades.

Por meio de uma profusão de exemplos concretos, o relatório Situação Mundial da Infância 2011 deixa claro que é possível alcançar progressos sustentáveis. Com base em pesquisas
recentes, o relatório mostra também que podemos alcançar esses progressos mais rapidamente, e de maneira mais produtiva em termos financeiros, se nos concentrarmos nas crianças mais pobres que vivem nas localidades mais difíceis de alcançar. Esse foco em equidade ajudará todas as crianças, inclusive adolescentes.

Será que podemos deixar passar o tempo? Neste exato momento, na África, uma adolescente avalia os sacrifícios que precisa fazer para permanecer na sala de aula. Outro adolescente
tenta desesperadamente não ser obrigado a juntar-se a grupos armados. Na Ásia Meridional, uma jovem grávida, aterrorizada, espera o dia em que, sozinha, dará à luz seu filho.

A jovem que fez a pergunta em Bonn, ao lado de outros milhões de jovens, não espera apenas uma resposta: espera mais ação. De todos nós.

(Anthony Lake Diretor Executivo, UNICEF)

Você pode consultar o material completo no link a seguir:
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf

O "Caderno Brasil", sobre este mesmo tema, você acessa aqui:
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_cadernoBR_SOWCR11(3).pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário