PRÓLOGO:
Em 2010, em Bonn, uma
jovem provocou grande agitação em uma conferência das Nações Unidas sobre mudança
climática, simplesmente perguntando aos delegados:
“Que idade vocês terão
em 2050?”
A plateia aplaudiu. No
dia seguinte, centenas de delegados vestiam camisetas estampadas com essa
pergunta – inclusive o presidente, que admitiu que em 2050 teria 110 anos, com pouca
probabilidade de ver os resultados de nosso fracasso por não termos agido. A
mensagem da jovem foi clara: o tipo de mundo em que ela um dia vai viver
depende daqueles que o herdarem e daqueles que
o deixam como legado.
O relatório Situação
Mundial da Infância 2011 ecoa essa percepção fundamental, e
desenvolve-se a partir dela. Hoje, 1,2 bilhão de adolescentes encontram-se na
desafiadora encruzilhada entre a infância e o mundo adulto. Nove em cada dez
desses jovens vivem no mundo em desenvolvimento
e enfrentam desafios
particularmente graves, que vão desde adquirir educação até simplesmente
sobreviver – desafios que são ainda mais exacerbados para meninas e mulheres
jovens.
No esforço global para
salvar a vida das crianças, ouvimos muito pouco sobre a adolescência. Tendo em
vista a magnitude das ameaças a crianças menores de 5 anos, faz sentido
concentrar nelas os investimentos – e essa atenção tem produzido sucessos
extraordinários. Nos últimos 20 anos, o número de crianças menores de 5 anos
que morrem a cada dia devido a doenças evitáveis caiu em um terço – de 34 mil, em
1990, pra 22 mil, em 2009.
Mas veja o seguinte: no
Brasil, as reduções na taxa de mortalidade infantil entre 1998 e 2008
significam que foi possível preservar a vida de mais de 26 mil crianças; no entanto,
no mesmo período, 81 mil adolescentes brasileiros, entre 15 e 19 anos de idade,
foram assassinados. Com
certeza, não queremos
salvar crianças em sua primeira década de vida apenas para perdê-las na década
seguinte.
Este relatório
apresenta, em detalhes comoventes, o conjunto de perigos que os adolescentes
enfrentam: as injustiças que matam 400 mil deles a cada ano; gravidez e parto
precoces,
uma causa primária de
morte de meninas adolescentes; as pressões que mantêm 70 milhões de
adolescentes fora da escola; exploração, conflitos violentos e as piores formas
de abuso nas mãos de adultos.
O relatório analisa
também os riscos criados por fenômenos que se manifestam agora, como a mudança
climática, cujos efeitos cada vez mais intensos em muitos países em desenvolvimento
já comprometem o bem-estar de tantos adolescentes; e por tendências
relacionadas ao trabalho, que revelam acentuada falta de oportunidades de
emprego para jovens, especialmente nos países pobres.
A adolescência não é
apenas um tempo de vulnerabilidade – é também uma fase de oportunidades,
principalmente para as meninas. Sabemos que meninas mais instruídas são mais
propensas a adiar o
casamento e a maternidade – e que seus filhos provavelmente serão mais
saudáveis e terão melhor nível educacional.
Ao dar a todos os
jovens as ferramentas de que precisam para melhorar suas próprias condições de
vida, e ao envolvêlos em esforços para melhorar suas comunidades, estamos investindo
na força de suas sociedades.
Por meio de uma
profusão de exemplos concretos, o relatório Situação Mundial da
Infância 2011 deixa claro que é possível alcançar
progressos sustentáveis. Com base em pesquisas
recentes, o relatório
mostra também que podemos alcançar esses progressos mais rapidamente, e de
maneira mais produtiva em termos financeiros, se nos concentrarmos nas crianças
mais pobres que vivem nas localidades mais difíceis de alcançar. Esse foco em
equidade ajudará todas as crianças, inclusive adolescentes.
Será que podemos deixar
passar o tempo? Neste exato momento, na África, uma adolescente avalia os
sacrifícios que precisa fazer para permanecer na sala de aula. Outro adolescente
tenta desesperadamente
não ser obrigado a juntar-se a grupos armados. Na Ásia Meridional, uma jovem
grávida, aterrorizada, espera o dia em que, sozinha, dará à luz seu filho.
A jovem que fez a
pergunta em Bonn, ao lado de outros milhões de jovens, não espera apenas uma
resposta: espera mais ação. De todos nós.
(Anthony Lake Diretor
Executivo, UNICEF)
Você pode consultar o material completo no link a seguir:
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_sowcr11web.pdf
O "Caderno Brasil", sobre este mesmo tema, você acessa aqui:
http://www.unicef.org/brazil/pt/br_cadernoBR_SOWCR11(3).pdf
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