20 de fev. de 2015

Bater no seu filho pode deixar sequelas emocionais

 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), violência é uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. A definição ampla sugere que, mesmo que um ato violento não provoque ferimentos, deixa cicatrizes emocionais. A violência praticada contra crianças pode ocasionar diferentes traumas psíquicos, como mostra uma revisão de estudos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Entre os sintomas estariam comportamento depressivo, baixa autoestima, ansiedade e condutas antissociais, como comportamento desafiador, agressividade e delinquência. “A presença de um ou mais desses sintomas pode afetar o desempenho escolar e também a socialização da criança”, alerta a terapeuta ocupacional Kaíla Bontempo, autora do artigo, que avaliou 15 pesquisas realizadas com crianças de 0 a 8 anos em todo o país.
 
De acordo com a pesquisadora, a criança vítima de violência tende a ser quieta e amedrontada, e também pode se tornar agressiva, o que dificulta a interação com outras crianças da mesma idade. Não é possível prever como exatamente a palmada vai se refletir no futuro da vítima. A frequência, a intensidade e a maneira como os pais e o próprio filho encaram aquilo influencia bastante. “As sequelas emocionais dependem da resiliência da criança, isso é, a capacidade de superar obstáculos e de se adaptar”, resume Kaíla, que também é especialista em saúde mental. Mas o fato é que qualquer tipo de violência, seja física ou psicológica, em maior ou menor grau, pode deixar marcas negativas no desenvolvimento emocional. “A criança é extremamente influenciável pelo meio em que está inserida e pelas atitudes das pessoas responsáveis por sua criação”, afirma Kaíla. A escola e demais familiares fazem diferença no sentido de ajudá-la a vencer situações adversas e a preservar sua estabilidade emocional.
 
Para a pedagoga Ellen de Carvalho Alves, de São Paulo, outro problema além dos observados na pesquisa é que os castigos violentos transmitem mensagens contraditórias às crianças. Especialmente nos menores, que ainda estão desenvolvendo a linguagem e não sabem se expressar muito bem por meio de palavras. “Elas vão entender que o tapa é uma forma de comunicação usual e que, diante de uma frustração, podem bater em vez de dialogar”, explica. Vale a reflexão.
 

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